segunda-feira, maio 14

Crítica: Tão Forte e Tão Perto (2011)


Por Wendell Marcel

"A delicadeza em tratar do 
sentimento da morte de Daldry"

Antes de Tão Forte e Tão Perto, Stephen Daldry dirigiu três ótimos filmes, dentre os quais O Leitor (The Reader, 2008) é o menos conclusivo. O fantástico em todos eles é determinar uma razão no que tange a perspectiva de qualquer enredo baseado na realidade criada ou transformada, um suporte para o mais profundo acordo entre ideias que embasam o principal foco, sobre o olhar outrora determinado na narração, nos diálogos considerados absorventes do tempo, e somente úteis para a formação quantitativa do desfecho arrebatador. Alguns poderão dizer enxurrada de falas negativas, qualidades desgastantes; porém o que significa aprofundar sentimentos, se não criar uma situação de reflexão e compreensão dos fatores componentes da clarividência imaculadamente transportada à tela. Contornando a subjetividade, Daldry criou a sutileza de se dar inteiramente à um objetivo, e traçar metas conduz com habilidades inconcebíveis a uma criança de onze anos, que perdeu o pai em um terrível acidente,  possui uma mãe abalada por toda a drástica situação, onde vê em uma oportunidade de viajar através do mistério e da certeza de reconhecimento não plenamente distinguido, a chance antes tirada de suas mãos pela existência da morte.

Na verdade, a história em Tão Forte e Tão Perto é assinada por um verdadeiro mago dos enredos complexos, e tão sutis que a profundidade é irrelevante, assim o próprio filme se traduz. Eric Roth roteirizou o romance de Jonathan Safran Foer no sentido prático, onde manteve a gradação emotiva liderada pelo personagem central, interpretado pelo jovem Thomas Horn. Quadros como de As Torres Gêmeas (dir. Oliver Stone), o astuto Vôo United 93 (dir. Paul Greengrass) e este analisado, abordam o mesmo tema, contudo em diferentes visões psicológicas. No primeiro: a história verídica de dois policiais americanos que arriscam suas vidas para salvarem as vítimas do atentado de 11 de setembro. Neste segundo: a tensão crescente entre os passageiros do Vôo 93 da United Airlines, ligados aos depoimentos daqueles que viverem e observaram todo o andamento do sequestro do Boeing 757. E Tão Forte e Tão Perto: como os familiares das vítimas seguiram seu dia a dia após o desastre das torres gêmeas, e como o ataque afetaram suas vidas para sempre, num processo continuado de autoanálise. Em todos os três a importância é igualmente valorizada, posto em cada um a linearidade de observar vidas abaladas por um acontecimento, na medida em que elas ganham sentidos desconhecidos, não propositais, mas sim inibidos pelo simples motivo de realidade pós-desastre.

Deixando de lado nacionalismos, heroísmos e todo tipo de termos propagandistas relativos a valorização dos Estados Unidos e sua força superior romântica de se dar aos desastres, Extremely Loud and Incredibly Close (no original) atormenta qualquer espectador que não se propõe a focalizar o enredo rebuscado que ele oferece. Isso, nacionalismos, heroísmos e etc à parte. Aliás, nada é tão bonito no filme como a forma utilizada em transparecer originalidade, sentimentalismo perturbador, ódio resguardado, amores destruídos; forças intensas, mas encobertas pelo medo, em respeito ao surreal, vivido pelos parentes das vítimas. É bem mais triste perceber que nada disso possa existir, e bem mais cruel acreditar na impossibilidade de Tão Forte e Tão Perto distinguir uma razão de qualidade no que se refere a obter noções básicas de autoconhecimento. Enfim, a superação nada mais é do que a rotina criada após um desastre. Não o fato de se opor as regularidades da vida, mas sim ver motivos simples para ser feliz. O cinema americano tornou-se uma máquina de produção neste quesito, ainda que a superficialidade continue vigente,  a história contada por Daldry é uma exceção, se vista por outro ângulo.
Avaliação: 8/10







Trailer:



3 comentários:

  1. Uma das grandes decepções do ano... Absurdamente superficial, chato, protagonizado por um moleque insuportável e mostrando os estadunidenses como bondosos coitadinhos... Daldry dando mancada...

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  2. Visão interessante, porém de um outro ângulo..

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  3. Pode ser que a comparação não seja nem válida, mas o livro samba na cara do filme, que nem é ruim, de modo algum, só acho poderia ampliar mais o leque de oportunidades que o material original oferecia. E quanto ao garoto protagonista, merecia mais uma indicação ao Oscar de melhor atoe que um ou outro nome que concorreu esse ano!

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