domingo, junho 29

Sessão Curta+: Destino (2003)


Filme: Destino
Direção: Dominique Monfery
Roteiro: Salvador Dali e John Hench
Gênero: Animação
Origem: EUA
Duração: 6 minutos
Sipnose: Curta-metragem lançado em 2003 pela The Walt Disney Company, numa parceria de Walt Disney com o artista surrealista Salvador Dali, cujo projeto se iniciou em 1945 e demorou 58 anos para sua conclusão. Com música composta pelo mexicano Armando Dominguez, o curta conta a história do romance mal-fadado de Chronos para uma mulher mortal.

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Filme:

terça-feira, junho 24

Crítica: O Grande Hotel Budapeste (2014)


Por Maurício Owada

"De onde surgem as histórias que 
nos encantam em livros e filmes"

De onde vieram as histórias que lemos, ouvimos, assistimos? Quem imagina que alguém lerá nossas simples histórias lá na frente? De onde surgem essas histórias? O resgate da memória é uma das coisas mais comuns nas artes em geral, principalmente no cinema, aonde a emulação de sons e imagens podem nos levar às mais distantes lembranças. O olhar de uma pessoa por algo ou alguém que pode fornecer grandes histórias ao público é única e muitas vezes, subestimada, como no trecho inicial em que o personagem de Tom Wilkinson diz que as pessoas sempre julgam que o escritor criam infindáveis contos e estórias a partir do nada, mas que na verdade, o mundo é cercado de grandes histórias e para achá-las, é necessário um exercício de observação a todo momento.

A partir dos créditos iniciais desde os planos e ângulos de câmera simétricos, nos damos conta de O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel) é um filme de Wes Anderson, que criou um estilo próprio desde o início da carreira e a cada filme, denotava interesse por temas variados e pouco usuais, além de personagens em situações pouco usuais e peculiares e apesar da estética fabulesca que acompanha suas obras, ele nunca deixou de mostrar o mundo como ele é, mesmo que pelas suas cores, aonde coisas como a morte e o sexo estão presentes e criam um contra-ponto interessante dentro de seus filmes que sempre trazem aquele tom supostamente leve e meigo.

Como uma cebola, a narrativa se descasca para contar sobre aquele hotel outrora, glorioso e respeitável estabelecimento conhecido como Grand Budapest, um local refinado que conta com a graciosa e exigente presença de Monsieur Gustave (Ralph Finnes), acompanhado de seu fiel protegido, o paquete Zero Moustafa (a revelação Tony Relovori), na Europa em meio as duas grandes guerras, contada ao Escritor (Jude Law/Tom Wilkinson) pelo próprio paquete mais velho, agora um milionário que se hospeda no hotel, que já está solitário e decadente, no quarto dos criados. Nisso tudo, somos levados até um ávida leitora que presta sua homenagem ao autor. E Wes é criativo na representação de época não só na direção de arte, mas pelo formato de tela que utiliza, em prol da narrativa, os anos 30 é filmado em 4:3 e os anos 60 para frente é em widescreen - a transposição de época através do progresso do cinema, que como os livros, nos trazem grandes histórias e aventuras, uma opção que adere mais poética na interpretação do filme.

Sempre com um roteiro afiado, Wes Anderson e seu co-roteirista da vez, Hugo Guinness, acertam em uma narrativa jamais cansativa e mais regular, algo que foi aperfeiçoando a partir de O Fantástico Sr. Raposo e um elenco enorme e surpreendente, como o próprio Ralph Finnes, que encanta com um típico personagem wesandersoniano, contando com um timing cômico e uma certa melancolia que em um ponto da narrativa, quando seu nariz sangra quando luta ao defender seu protegido, descabelado e imóvel, e olha desesperado para o paquete, nos lembra de Charles Chaplin em O Garoto (The Kid, 1921), um olhar de suplica que carrega uma humanidade que nos comove e a forma como trata todos com quem convive, seja hóspedes ou criados, conquista quem o acompanha em sua jornada. Com um elenco de apoio incrível, alguns muitos consagrados e outros que o acompanham desde seu início de carreira como Bill Murray, Owen Wilson e Jason Schwartzmann, que dão atuações consistentes aos seus personagens breves, porém interessantes.

Contando com a cinematografia comum em suas obras, além da direção de arte, as cores de Wes Anderson adquirem uma tonalidade mais fria, passando todo o clima da Europa e suas construções antigas que carregam histórias que nos inspiram geração por geração, as ruínas que foram algo no passado e mantém apenas um significado sentimental e essa é a busca de Wes Anderson/Escritor nessa que pode ser considerada, a sua obra-prima.

Nota: 10,0/10,0




Trailer:

sábado, junho 21

Sessão Curta+: Amor Só de Mãe (2003)

Filme: Amor Só de Mãe
Direção: Dennison Ramalho
Roteiro: Dennison Ramalho e Pai Alex
Gênero: Terror
Origem: Brasil
Duração: 21 minutos
Sipnose: Numa aldeia de pescadores, acontecimentos macabros se desenrolam numa noite de satanismo, morte e orações à Nossa Senhora da Cabeça.

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Filme:

quinta-feira, junho 12

9 filmes selecionados: sobre O Romance Gay no Dia dos Namorados

Por Wendell Marcel

Vendo uma série de artigos sobre o Dia dos Namorados nos sites e blogs, percebi que os filmes listados eram de histórias de romances heterossexuais. 

Por isso, o E Aí, Cinéfilo, Cadê Você? fez o artigo com filmes de romances gays, em homenagem à paixão, sendo ele em toda a sua diversidade.


9. Hoje eu quero voltar sozinho (2014), de Daniel Ribeiro



8. Almas gêmeas (1994), de Peter Jackson



7. Senhoritas de uniforme (2013), de Leontine Sagan e Carl Froelich



6. Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda



5. You are not alone (1978), de Ernst Johansen e Lasse Nielsen 



4. Minha adorável lavanderia (1985), de Stephen Frears



3. Delicada atração (1996), de Hettie Mcdonald



2. Felizes juntos (1997), de Wong Kar-Wai



1. Azul é a cor mais quente (2013), de Abdellatif Kechiche


sexta-feira, junho 6

Sessão Curta+: Visionários (2002)

Filme: Visionários
Direção: Fernando Severo
Roteiro: Fernando Severo
Gênero: Documentário
Origem: Brasil
Duração: 15 minutos
Sipnose: Documentário experimental sobre dois santuários construídos no Norte do Paraná por pequenos agricultores de pouco instrução. Um deles, de inspiração budista, contém escultura de divindades orientais. O outro reproduz uma cidade em pequena escala, destinada a abrigar os sobreviventes de um Apocalipse.

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Filme:

Parte 1

Parte 2

terça-feira, junho 3

Crítica: X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (2014)


Por Maurício Owada

"Vislumbres do futuro que determinam o passado dos Filhos do Átomo"

X-Men, criado por Stan Lee, era uma resposta dos quadrinhos para a luta dos direitos civis que aconteciam nos conturbados anos 60, com ativistas políticos negros e gays que ingressavam na busca pela igualdade de cidadania, quando existia uma segregação tão enorme que alguns Estados dos EUA a caracterizavam como uma lei, como no Mississipi. Mas foi nos anos 70 que o grupo de heróis mutantes, cujos poderes se caracterizavam pela sua existência vir do Gene X, um tipo de evolução que vinha surgindo e era encarado como uma ameaça por uma humanidade arrogante e intolerante, tomou maior forma, mais variedade na coleção de personagens de nacionalidades diferenciadas e histórias mais maduras e profundas, como o arco Dias de Um Futuro Esquecido, na consagrada fase escrita por Chris Claremont e desenhada por John Byrne, considerada a melhor época dos X-Men.

Bryan Singer, judeu e gay assumido, foi a mão que assumiu o primeiro e segundo filme da franquia e após uma ausência de 11 anos, ele volta no filme que sucede o terceiro filme da primeira trilogia e X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), que impressionou pelo roteiro excepcional e atores em boa forma, como James McAvoy, Jennifer Lawrence e Michael Fassbender. Quebrando o paradigma de prequels como caça-níqueis, a contextualização do pico da Guerra Fria com a Crise de Cuba como contexto para a história de surgimento dos heróis mutantes foi uma tacada boa, mostrando que eles ainda podiam render boas histórias, mesmo após um filme desastroso como a de Wolverine. Assumindo a franquia novamente, o roteiro de Simon Kinberg aborda as duas linhas temporais da série, mostrando 10 anos após X-Men: O Confronto Final (X-Men: The Last Stand, 2006) e X-Men: Primeira Classe, mostrando um futuro distópico a lá Exterminador do Futuro, com Sentinelas escravizando e dizimando humanos e mutantes em campos de concentração, com isso, os mutantes tem como cartada final os poderes de Kitty Pride (Ellen Page, aparecendo na franquia como uma atriz mais consagrada, diferente do terceiro filme, que tinha um papel consideravelmente pequeno), que permite que leve a consciência de uma pessoa de volta ao tempo, mas devido ao perigo da pessoa que têm sua consciência viajada no tempo de se deteriorar, Wolverine (Hugh Jackman) se dispõe como aquele que voltará ao tempo para unir os X-Men nos anos 70, quando Charles Xavier (Patrick Stewart/James McAvoy) estava sem poderes devido ao tratamento da medula óssea e Magneto (Ian McKellen/Michael Fassbender) ainda era um vilão que utilizava de métodos duvidosos pela causa mutante. Com isso, Logan tem a dura missão de unir todos os mutantes para evitar o assassinato de Bolivar Trask (Peter Dinklage, em uma participação especial) pelas mãos da Mística (Jennifer Lawrence), que culmina na criação dos Sentinelas, que dizimarão o futuro que nos é mostrado durante todo o filme, intercalado com a trama nos anos 70.

Ainda que a condução da história seja excelente e Bryan Singer tem momentos de pura inspiração, como a música Time in a Bottle, de Jim Croce, numa passagem excelente protagonizada por Mercúrio (Evan Peters) ou no diálogo que ultrapassa as barreiras do tempo entre Patrick Stewart e James McAvoy - duas versões de uma mesma pessoa -, num texto que prima por diálogos bem construídos e o monólogo de Fassbender de revolta e medo (esse último adjetivo, nos dois sentidos) é enfático e compreensível, denotando as consequências de qualquer tipo de segregação e preconceito que rondam o nosso mundo, empregadas na sociedade até hoje, infelizmente, quando ironicamente uma das atrizes do filme tenha se revelado lésbica há pouco tempo atrás, no caso, a jovem e talentosa Ellen Page.

Contando com a cronologia mais furada do cinema, a série X-Men encontra seu ponto de correção neste filme, aonde viagens no tempo acabam servindo como corretivo para os erros de cronologia, ainda assim muita coisa fica de fora e X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past) segue pra dar um rumo de vez, quando propõe novos conflitos e outra abordagem, após ter saído dos trilhos, quando em meio tempo, a Marvel Studios assumia os seus personagens no cinema e colocava no mercado, a soberania no subgênero de filmes de super-heróis.

Com um elenco bem equilibrado, com um balanço pontual nas cenas de humor, drama e ação, cujos quadrinhos serviu de alegoria sobre o preconceito, o medo, a esperança e a igualdade entre todos os seres vivos neste mundo. A viagem no tempo serve apenas para mostrar que hoje mesmo, podemos reescrever a história, torná-lo menos sombrio, pois não falta exemplos diversos e famosos dos nossos maiores erros do passado.

Nota: 8,5/10,0




Trailer: