quarta-feira, julho 31

Notícia: Contratado novo roteirista de Avatar 2

O diretor James Cameron já está se preparando para iniciar a continuação de Avatar, seu maior sucesso comercial.

E o diretor já contratou o seu roteirista: Josh Friedman, que foi criador e roteirista da série de TV Terminator: The Sarah Connor Chronicles, que faz parte de uma cronologia paralela as sequências do cinema, que continuava a partir do desfecho de O Exterminador do Futuro 2: O Dia do Julgamento, que foi dirigido por James Cameron, assim como o filme anterior.

O diretor irá filmar Avatar 2 e Avatar 3 simultaneamente em 2014 e está preparando a pré-produção em Nova Zelândia, onde está morando atualmente.

Pelo que se sabe, Cameron pretende explorar o mundo submarino de Avatar.

Notícia: Trailer de American Hustle, de David O. Russell

Saiu o trailer do novo filme do diretor David O. Russell, American Hustle (algo como trapaça americana em inglês), ao som da música Good Times, Bad Times, da banda Led Zeppelin.

Confira:

Escrito por Eric Warren e David O. Russell, o filme ficcionaliza a história real da Abscam, uma operação do FBI feita em 1978, com o intuito de flagrar congressistas dos EUA em má conduta. 

O diretor volta a trabalhar com Christian Bale e Amy Adams, com quem fez O Lutador, e Bradley Cooper, Jennifer Lawrence e Robert De Niro que trabalharam em O Lado Bom da Vida. O elenco ainda conta com Jeremy Renner, Michael Peña, Louis C.K. e Alessandro Nivola.

O filme estreia 13 de Dezembro nos EUA.

terça-feira, julho 30

9 filmes selecionados: sobre Tribunais

Por Wendell Marcel

Se existe um sub-gênero que provoca emoção e torcida nos espectadores, esse é o Tribunal. Tema que já inspirou diversos filmes, muitas vezes invoca um sentimento de empatia com os advogados defensores feroses ou das vítimas, estas inocentes até que se prove o contrário.

O sub-gênero é sempre repleto de reviravoltas, tendo um roteiro muito amarrado, torna-se claustrofóbico com o tempo, na medida em que as questões vão sendo resolvidas, e afunilando apenas uma resposta para o enigma. A história desafiante, a retórica e a atuação dos advogados e o sarcasmo dos juízes fazem dos filmes de tribunal, uma das mais intensas e deliciosas experiências de se assistir cinema.

Veja 9 filmes selecionados sobre esse tema.




9. O Veredicto, de Sidney Lumet (1982)




8. O Leitor, de Stephen Daldry (2008)




7. Anatomia de Um Crime, de Otto Preminger (1959)




6. O Sol é Para Todos, de Robert Mulligan (1962)




5. O Rito, de Ingmar Bergman (1969)




4. Close-up, de Abbas Kiarostami (1990)




3. Julgamento em Nuremberg, de Stanley Kramer (1961)




2. Testemunha de Acusação, de Billy Wilder (1957)




1. 12 Homens e uma Sentença, de Sidney Lumet (1957)

domingo, julho 28

Crítica: Robocop, O Policial do Futuro (1987)


Por Maurício Owada

"Seja uma sátira social ou um filme de ação,
Verhoeven marca o cinema americano com seu estilo"

Um futuro próximo, cidade dominada por gangues, o crime organizado e pelas grandes corporações, infestado por uma cultura pobre abastecida pela televisão e seus programas de baixo conteúdo que contribui para a imbecilização de uma sociedade cada vez mais doente. Seja presente ou futuro, essa é a sociedade retratada e satirizada por Paul Verhoeven em Robocop, O Policial do Futuro (Robocop).

Após ser massacrado por uma gangue durante uma patrulha, Alex Murphy (Peter Weller) se torna propriedade da OCP (Omni Produtos de Consumo) e transformam seu corpo em uma máquina feita para lutar contra o crime, em um ciborgue policial que segue suas diretrizes baseadas na lei, indestrutível e eficiente. Porém, lembranças do seu passado começarão a atormentá-lo e desviá-lo de sua função.
Uma das coisas que chama atenção é, primeiramente, a visão de uma Detroit extremamente caótica e distópica, onde a televisão é recheada de noticiários tendenciosos e propagandas apelativas, para pessoas alienadas em seus sofás, enquanto as ruas explodem na violência e no crime. O roteiro inteligente de Edward Neumeier e Michael Miner constroem a narrativa e o contexto através dos programas de TV, que é ilustrada de forma exagerada e engraçada, o que realça a qualidade do filme como uma sátira.

Por seu um filme de ação, as cenas de tiroteio e morte não ficam de lado, mesmo assim, Verhoeven choca pela violência extrema contida nas cenas, que vai desde um executivo fuzilado por um robô descontrolado até um bandido desforme por lixo tóxico. Todo esse exagero acrescenta ainda um humor negro e um toque de sadismo que dá um charme, sendo assim, Robocop é um filme com bastante personalidade própria que tem em seu diferencial, as mãos de um diretor estrangeiro. Talvez o fato de Robocop ter se sobressaído no mercado por ter um realizador de outro país, é que os estúdios acabaram escolhendo o brasileiro José Padilha para dirigir o remake tenha se concretizado.

O personagem interessante da trama é realmente Murphy/Robocop, já que o roteiro explora o conflito de sua humanidade com a sua posterior robotização; todas as suas características são icônicas, desde sua frase: “Venha comigo, morto ou vivo!”, desde seus movimentos de ciborgue e o modo como sacava a arma, como um mocinho herói de bangue-bangue, que paradoxalmente faz parte de um ambiente totalmente hostil e corrompido, dominada pelas grandes corporações. Enquanto isso, Ronny Cox faz um vilão caricato em sua melhor forma: vingativo, trapaceiro e ganancioso, que não mede esforços para tirar quem quer que seja do seu caminho, já Nancy Allen vive a policial Anne Lewis, a típica mulher durona, enquanto o personagem Robert Morton, vivido por Miguel Ferrer, é uma caricatura da geração yuppie. A maioria dos personagens são muito mais um mosaico de uma sociedade alienada e consumista.

No fim, Robocop funciona como um bom filme de ação dos anos 80, mas o seu maior triunfo é sua visão ácida perante as grandes corporações, as medidas governamentais, a privatização de órgãos públicos (lembrando que a polícia de Detroit é propriedade da Omni), a mídia manipuladora e uma onda crescente de violência e crime que vive mancomunado com a política. No fim, até parece que estamos falando daqui do Brasil.

Nota: 8,5/10,0 




Trailer:

Notícia: John Williams fará trilha de Star Wars VII

O compositor John Williams estará de volta a franquia Star Wars, especificamente o longa de 2015 dirigido por J.J. Abrams que retomará a saga a partir do Episódio VI - O Retorno de Jedi (Episode VI - Return of the Jedi, 1983).

Anunciado durante a Star Wars Celebration Europe, em Essen, na Alemanha, a informação foi confirmada pela produtora Kathleen Kennedy, dizendo que o trabalho do compositor estará presente nas seguintes continuações da nova trilogia.

Confira a entrevista de John Williams sobre o envolvimento de J.J. Abrams e Kathleen Kennedy na produção, seu retorno e os temas clássicos:


Com roteiro de Michael Arndt, o filme seguirá Luke (Mark Hamill), Han Solo (Harrison Ford) e Leia (Carrie Fisher) após os eventos do sexto episódio. Em fase de pré-produção, a busca por elenco já considerou atores como Ryan Gosling e Zac Efron, e Leonardo DiCaprio dispensou a proposta da Disney.

A Disney prometeu um filme de Star Wars por ano a partir de 2015, revezando entre a saga principal e spin-offs.

sexta-feira, julho 26

Sessão Curta+: Reflections of a Skyline (2008)


Filme: Reflections of a Skyline
Direção: Michael Tamman e Richard Jakes
Roteiro: Sarah Kane (trecho da peça Crave)
Gênero: Romance
Origem: Reino Unido
Duração: 6 minutos
Sinopse: Filmado em apenas um dia sobre um telhado em Londres, o curta é baseado em um trecho da peça Crave, da dramaturga e escritora britânica Sarah Kane, que cometeu suicídio aos 28 anos. O filme mostra os atores Christopher Dunlop e Fiona Pearce divagando sobre os lados tocantes e irritantes do amor.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem.

Filme:

segunda-feira, julho 22

9 filmes selecionados: sobre Amizade

Por João Inácio

No ultimo dia 20 de julho foi comemorado o Dia do Amigo, não só no Brasil, mas no Uruguai e Argentina o dia também é comemorado anualmente nessa mesma data.

Para homenagear o dia, a seguir 9 filmes selecionamos sobre Amizade.



9. Sempre Ao Seu Lado, de Lasse Hallström (2009)




8. E.T., de Steven Spielberg (1982)




7. Jules e Jim, de François Truffaut (1962)




 6. Conta comigo, de Rob Reiner (1986)




5. Toy Story, de John Lasseter (1995)




4. Amizade Colorida, de Will Gluck (2011)




3. Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore (1988)




2. Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze (2009)




1. O Reencontro, de Lawrence Kasdan (1983)

sábado, julho 20

Crítica: O Homem de Aço (2013)


Por Kaio Feliphe

"Um Batman Begins ruim."

Há pouco mais de um ano, estreava nos cinemas nacionais Os Vingadores: The Avengers (The Avengers, 2012), a tão esperada reunião dos heróis da Marvel nos cinemas. O filme dividiu opiniões, mas grande parte dos fãs de cinema e HQ’s amaram, o que levou algumas pessoas a pensar se a DC Comics faria a mesma coisa e mandaria a Liga da Justiça para as telonas. Acho que depois dos mais de US$ 1,5 bilhão de bilheteria que a Marvel obteve apenas com Os Vingadores, a resposta ficou bem clara.

Aqui surge O Homem de Aço (Man of Steel, 2013), filme de um dos heróis-ícone da DC, o Superman. O herói de uniforme azul e capa vermelha já teve suas aparições no cinema, como o grande destaque a primeira delas, em Superman – O Filme (Superman, 1978), que tinha em seu elenco nomes de peso como Marlon Brando, Gene Hackman, Mario Puzo no roteiro (sim, o escritor de O Poderoso Chefão) e o, para muitos, eterno Clark Kent, Christopher Reeve. O problema é que os filmes do herói nunca renderam o mesmo sucesso que o filme de 1978. Um grande exemplo é Superman – O Retorno (Superman Returns, 2006), filme que teve fraca recepção de crítica e público.

Diante disso, muitos tinham a expectativa de voltar a ver Superman alçando vôos mais altos com esse novo filme de Zack Snyder.

Ah, Snyder! Amado por alguns, odiado por tantos outros. Diretor de 300 (300, 2007) e Watchmen – O Filme (Watchmen, 2009), também adaptações de HQ’s, foi o escolhido pela DC e Warner para comandar a direção de O Homem de Aço, ou não. Isso porque, na produção e roteiro do filme, está Christopher Nolan, o diretor da idolatrada trilogia Batman. E essa participação direta de Nolan no filme é clara e prejudicial.

Olhando de uma maneira direta, a parceria Nolan/Snyder tinha tudo para fracassar. O estilo de um é completamente diferente do outro, quase oposto. Nolan tem um tom mais frio, sombrio e cerebral. Snyder já é mais presente na direção, com cortes e slow-motions, tem uma pegada mais vibrante, “colorida” e sexual. Na comparação de estilos entre Watchmen e Batman, essa divergência fica evidente.

E essa briga de estilos também ocorre em O Homem de Aço. Enquanto o roteiro explora um lado humano de Superman, com conflitos pessoais e existenciais, e retrata uma Metrópolis cinza, sombria e, até certo pronto, triste, a direção é ao estilo Snyder, cortes secos, planos muito fechados e mise-en-scène confusa. Isso tira qualquer possibilidade do filme ter uma identidade, uma cara. O Homem de Aço é um filme vazio e opaco.

E nem Snyder, nem Nolan fazem um trabalho bom. O roteiro gera uma estrutura narrativa extremamente problemática, tudo graças a um pequeno detalhe: a elipse mal feita. Um salto de 33 anos em que, em uma cena aparece o bebê Kal-El (ou Clark Kent) na nave vindo para a terra, na seguinte aparece Clark adulto trabalhando em um barco de peixe. Esse pulo na história compromete todo o restante, já que o filme fica expondo constantes flashbacks que quebram toda a construção emocional da obra. Além disso, em um certo momento, Clark simplesmente se opõe ao que o personagem é apresentado a nós, um alienígena que zela pela humanidade. Na cena do furacão, Clark simplesmente assiste seu pai adotivo, Jonathan Kent (em uma ótima atuação de Kevin Costner), correr para salvar o seu cachorro e, consequentemente, para a morte e não faz nada. Claro que o pai de Kent fica o filme todo falando que não é para ele expor seus poderes por medo das reações dos outros, mas deixá-lo morrer por causa disso já é demais, não?

A direção também é defeituosa. Snyder filma tudo de maneira irritante, com a câmera tremida que dificulta a compreensão, além dele filmar tudo de muito perto, praticamente sufocando os personagens. A briga de Jor-El (Russel Crowe) e Zod (Michael Shannon) no início é um exemplo claro. Nas cenas de batalha, o excesso de cortes chega ao insuportável. Para completar, O Homem de Aço é esteticamente feio. Os tons cinzentos e sem vida da fotografia não agradam. Talvez isso seja por causa de Nolan, numa tentativa de “batmizar” Superman. Lembram de Batman & Robin (Batman & Robin, 1997)? O que Schumacher fez com Gothan, transformando-a num verdadeiro carnaval, é similar ao que Nolan fez com Metrópolis, só que ao contrário (e em menor escala).

Em relação aos atores, bons trabalhos, mas nada de mais. Henry Cavill faz um trabalho digno, incorporando um Superman que sente o peso de ser a salvação do planeta que o acolheu. Amy Adams faz uma Lois Lane neutra, não atrapalha, mas não vai muito longe. Os destaques são Crowe e Costner, que retratam muito bem a figura paterna que representam.

O Homem de Aço é um filme que podemos chamar de decepção, devido às ambições que a DC e a Warner tinham. Talvez por ser um começo de uma nova investida o filme tenha tantos problemas de identidade. Mas esperamos que nos próximos trabalhos, os manda-chuvas das duas empresas escolham melhor a equipe de trabalho, e que essa equipe tenha um desempenho digno. Não só os fãs de HQ’s merecem, mas os fãs de cinema também.

Avaliação: 5.5/10




Trailer:

sexta-feira, julho 19

Sessão Curta+: Scenes From The Suburbs (2011)


Filme: Scenes From The Suburbs
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze, Will Butler e Win Butler
Gênero: Drama
Origem: EUA
Duração: 30 minutos
Sipnose: Inspirado no terceiro disco da banda canadense Arcade Fire, "Scenes From The Suburbs" acompanha um grupo de amigos adolescentes em suas experiências, vivências e descobertas.
O roteiro é do diretor Spike Jonze e dos irmãos Win e Will Butler (integrantes do grupo musical); o elenco é composto por atores desconhecidos. O clipe da música The Suburbs serve como amostra.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem.

Filme:

quarta-feira, julho 17

Notícia: Primeiro trailer de The Fifth Estate

Saiu o trailer do filme The Fifth Estate, que conta a história do WikiLeaks, site famoso mundialmente por vazar documentos secretos de países.

Confira:


Baseado nos livros My Time With Julian Assange At The World's Most Dangerous Website, escrita pelo jornalista Daniel Domscheit-Berg, interpretado no filme por Daniel Brühl, e no livro WikiLeaks: Inside Julian Assange's War On Secrecy. O filme focará na história do principal fundador do WikiLeaks, o ativista Julian Assange, interpretado por Benedict Cumberbatch.

A direção é de Bill Condon, e o elenco ainda conta com Laura LinneyDan Stevens, Alicia Vikander, Carice Van Houten, Anthony MackieDavid Thewlis e Peter Capaldi.

O título sugere o WikiLeaks como um "quinto poder", sendo a mídia designada como o quarto poder, antecipado então pelo Legislativo, Judiciário e Executivo.

Estreia nos EUA em 15 de Novembro.

terça-feira, julho 16

9 edições do Oscar selecionados: sobre A Pior Escolha na Categoria de Melhor Filme

Por Wendell Marcel

A entrega anual do prêmio Oscar, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas desde 1929, nem sempre agrada ao público cinéfilo. Muitas vezes, a categoria mais esperada de todas, a de Melhor Filme (antes chamada de Best Production), provoca surpresa no bom e mau sentidos nos espectadores. 

O mais querido, já conhecemos: Casablanca. Agora vejamos nove edições desacreditadas do Oscar na categoria de Melhor Filme.



9. Rebecca - A Mulher Inesquecível, de Alfred Hitchcock (edição de 1941)




8. O Maior Espetáculo da Terra, de Cecil B. Demille (edição de 1953)




7. O Homem Que Não Vendeu Sua Alma, de Fred Zinnemann (edição de 1967)




6. Gente como a Gente, de Robert Redford (edição de 1981)




5. Shakespeare Apaixonado, de John Madden (edição de 1999)




4. Chicago, de Rob Marshall (edição de 2003)




3. O Discurso do Rei, de Tom Hooper (edição de 2011)




2. A Volta ao Mundo em 80 dias, de Michael Anderson (edição de 1957)




1. Crash - No Limite, de Paul Haggis (edição de 2006)

domingo, julho 14

Crítica: O Poderoso Chefão (1972)


Por Maurício Owada


"O clássico dos clássicos"

(ALERTA de spoiler no primeiro parágrafo!)

Quando Bonasera diz “Eu acredito na América” logo no fade in de O Poderoso Chefão, num diálogo que vai entre a gratidão por aquela terra “frutífera” e a indignação de uma justiça falha que absolve os agressores de sua filha, que com lágrimas em seu pobre rosto descreve o quão ela está deformada e pede a Don Vito Corleone (Marlon Brando) por “justiça”: que os mate! Mas o Don nega e diz que se justiça fosse feita, eles não devem ser mortos, mas sofrerem o mesmo que ela sofreu. Pede que peça este favor com respeito e que peça por sua amizade, assim seus inimigos serão o inimigo dele, sendo seu Padrinho.

Entendemos assim, pela cena descrita no parágrafo acima que o Padrinho é um mafioso que segue princípios pelos quais acredita, que lhe servirão de base para as suas decisões, em prol da família, seja aquela construída com esposa e filhos, ou aquela formada por capos, soldados e consigliere (conselheiro). Mesmo que seus atos sejam condenáveis, é um personagem passível de tamanha admiração pela moral a qual valoriza – ironia? Acima de tudo, ele é um pai e seu dever é proteger, ou ele acha que é essa. Os Estados Unidos da América em sua extensa história confundiu o seu “dever” de proteger seus valores de liberdade e democracia com atos moralmente questionáveis que fogem da definição daquilo que tanto defendem, seja lembrando dos indígenas dizimados para que a civilização alcançasse todo o continente norte-americano, a bomba atômica no Japão em prol do fim da guerra, a luta contra o comunismo através de métodos questionáveis e a guerra contra o terror através da tortura e invasões de países do Oriente Médio. Francis Ford Coppola não filma nada sem um propósito e fica claro que o Sonho Americano permeia ainda entre os personagens; a oportunidade de crescer e melhorar de vida só depende de onde e até onde você está disposto a ir, como por exemplo Michael Corleone (Al Pacino, em uma atuação em início de carreira) indo estudar, virando veterano de guerra e sendo um exemplar cidadão americano ou então chefe de negócios ilegais aonde seus interesses são conquistados pela corrupção e o derramamento de sangue - no final das contas, não importa muito o caminho ou o fim daquela linha (geralmente resulta o indivíduo em uma figura trágica), pois é algo que deve ser feito.

Personagens cínicos sob uma visão humanizada é o que sustenta a essência da obra, ninguém é o que é por acaso, são as circunstâncias que definem suas escolhas, tudo por um bem maior: o bem da família. A fraternidade entre seus companheiros italianos é toda retratada na agitada e alegre festa de casamento de Connie (Talia Shire), com direito a muita comida, vinho e muita música, mas quando vamos nos adentramos naquele círculo fechado, onde os negócios não se misturam com os assuntos pessoais. O jogo de contraste de luz e sombra explícito na fotografia deixa explícito o quão fechado é a relação dentro da máfia, ouvimos suas conversas suspeitas, suas reuniões secretas, transformando o espectador em cúmplice, que nos aproxima mais ainda deles. Não à toa, todo o filme tem o ponto de vista de um membro da família Corleone, nunca se mostra o que o lado rival está tramando, a não ser que um esteja ouvindo ou vendo. É esse cerco de inimigos e amigos que se confundem que confere uma visão tridimensional nas ações de cada personagem.

A insistência do diretor em manter a trama em meados da década de 40 pós-2ª Guerra, foi uma escolha acertada. Os produtores e executivos queriam que ambientassem nos anos 70 para diminuir os custos de produção, mas se tivesse tomado esse caminho, provavelmente a obra perderia todo o impacto de sua dramaticidade e relevância. A diferença de ideologias das duas épocas é o que faz refletir perante o mundo de hoje e o do passado; eram outros anseios, mais esperançosos e é por isso que o filme passa uma sensação de nostalgia, porque toda sua diegese carrega uma decadência gradual daquilo que aprendemos a conhecer e a qual Don Vito, um velho tão antiquado, se recusava a ignorar. Ele nos mostra o passado e reflete sobre o presente. 

Fica claro desde o primeiro instante a metáfora da América na história de O Poderoso Chefão, Francis Ford Coppola confere maior poder dramático para as passagens banais do livro de Mario Puzo e transforma um ótimo livro em um filme poderoso, tanto em sua estética quanto em sua essência. Os caminhos que Vito e seu filho Michael tomam é um retrato da passagem do tempo, as mudanças de princípios e do que resta lá de trás para o futuro, para os nossos filhos. E nem o cinema é poupado, quando veio a Nova Hollywood, carregados de inspiração pela Nouvelle Vague e sua tese do cinema de autor, Coppola aproveita uma subtrama no livro para fazer um breve e ácido retrato dos figurões da indústria cinematográfica. 

A saga da família Corleone segue como uma ópera trágica, banhada a sangue e ensurdecida pelo barulho das armas, mas é apenas o som da porta se fechando devagar perante os olhos do espectador que arrebata e encerra a primeira parte desta trilogia.

Nota: 10,0/10,0




Trailer:

sexta-feira, julho 12

Sessão Curta+: A Pequena Vendedora de Fósforos (2006)


Filme: A Pequena Vendedora de Fósforos (The Little Matchgirl)
Direção: Roger Allers
Roteiro: Roger Allers, baseado na história original de Hans Christian Andersen
Gênero: Drama/Animação
Origem: EUA
Duração: 7 minutos
Premiação: Indicado ao Oscar 2007 de melhor curta de animação
Sipnose: A história de uma pequena garotinha russa no período pré-revolucionário que tenta sem sucesso vender seus fósforos para sair do frio. E com esses mesmos fósforos ela é capaz de ter as mais belas visões de esperança.

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Filme:

Especial Resenhas: Mostra de Curtas Nacionais - Semana do Audiovisual Natal/RN (2013)

Por Wendell Marcel

A Semana do Audiovisual Natal/RN acontece de 10 a 14 de julho no Solar Bela Vista, em Natal. Nesta última quinta-feira, uma Mostra de Curtas Nacionais, de diversos diretores e realizadores do país, encerraram a noite. Cinco curtas foram exibidos, de vários gêneros e propostas diferentes. Confira a resenha dos filmes:


Cidade Improvisada, de Alice Riff

Um homem se equilibra em cima de muros, caminhando pela cidade, visitando locações diferentes enquanto o dia passa. Apesar da musicalidade do curta, que trata do hip hop como uma espécie de canção da crítica social, inteligente, rápida; a metalinguagem dos próprios personagens diante de suas próprias realidades, intercaladas pelo ser que está aquém dos fatos, do dito pelo não dito, visitando as concepções do país onde vive acima das perspectivas da sociedade. Esse é o cara do muro. Riff escolhe ângulos fáceis, técnica simples, diálogo mental e verbal das canções delirantes de tão cruas dos cantores: brancos, negros, pobres, brasileiros. Não só a periferia que canta o hip hop. 



Ikó-Eté, de Torquato Joel

No nordeste brasileiro, um trabalhador cortador de cana, chega em sua casa, e se depara com a falásia de um orador religioso. O conflito mental sobre razão e discrepâncias da realidade atinge o homem, que se despe de suas vestimentas e caminha em direção a uma fábrica que aparentemente pegou fogo. Esse caminho, que o homem nu percorre até a fábrica, entre a floresta densa e verde, é de certo modo análise coerente sobre as vicissitudes do ser enquanto hábitat de sua própria vivência; desconstruindo ainda a antiga história sobre a origem da civilização humana, em Adão e Eva. A serpente, neste caso, é o próprio livro que deu origem a parábola. Torquato Joel fotografa bem e não cansa de gritar para o público que a atividade mental é tão mais importante do que a elaboração de um conceito ameno, mastigado, inútil.



Claun - Capítulo 1° A Menina Sem Medo, de Felipe Bragança

A experimentação do que Felipe Bragança se pretende a realizar, na tela, é muito bonito de se ver. O capítulo 1 ° A Menina Sem Medo, apresentado na Mostra, introduz a primeira parte de uma série que ainda está por vir do diretor, que se vestiu como palhaço durante as gravações do curta. Inegavelmente, a proposta é interessante, e de imediato, sem analisar os próximos capítulos da história, qualquer comentário seria irrelevante. Contudo, alguns pontos como problemas na estética sonora, enredo inicial forçado na medida que desenvolve seus personagens de forma errática, quase grosseira; diálogo fácil, sem pretensões, o que é ruim, pois torna a trama nada eficiente e clichê do ponto de vista geral da história. No entanto, o enfrentamento figurativo do bate-bolas e a própria experimentalidade e elaboração conceitual da proposta, novamente, é interessante. O medo, a fantasia e o respeito a uma cultura de imagens tão assustadoras desses palhaços soturnos. 
O Filho da Atriz, de Juca Badaró

Atuar excepcionalmente sobre a vida. Essa pode ser o maior resumo para se fazer da obra intensa de Badaró sobre dois personagens que encontram na destreza da melancolia de suas tragédias, sobreviver na imundície de suas almas. A dramaticidade encenada é muito boa, os monólogos não precisam de palavras, é excitante na medida que encontra o ponto certo entre a realidade da linha que perpassa a fantasia do enredo da realidade dos espectadores. O visual das paisagens na praia, os interiores e maquiagem das personas divertidos: um contraste entre cor e dissolução. A poesia da tragédia inútil das sensações. Belíssimo curta de Juca. 

*Em algum momento especial, exibiremos os curtas em nossa Sessão Curta+, aguardem! 

quarta-feira, julho 10

Notícia: Trailer e pôster do remake de Oldboy

Saiu o trailer de Oldboy, remake do filme coreano de Chan-Wook Park de 2003, dirigido por Spike Lee.

Confira:

Oldboy segue a história de um executivo (Josh Brolin) que é sequestrado e mantido em cativeiro por 20 anos sem ter qualquer indicação dos motivos do seu sequestrador. Quando ele é inexplicavelmente solto, embarca em uma missão obsessiva para descobrir quem orquestrou o seu bizarro e torturante castigo, apenas para descobrir que ainda está preso em uma teia de conspiração e tormento. A sua busca por vingança o leva a um infeliz relacionamento com uma jovem assistente social (Elizabeth Olsen) e finalmente a um homem misterioso (Sharlto Copley) que alega ter a chave para a sua salvação. Samuel L. Jackson vive o carcereiro do protagonista.

Confira também o pôster:

Com roteiro de Mark Protosevic, Oldboy estreia no Brasil em 11 de Novembro
.

terça-feira, julho 9

9 filmes selecionados: sobre Histórias que Acontecem em 24 Horas (ou menos)

Por Kaio Feliphe

Muita coisa pode acontecer nas horas que compõem um dia. Você pode dirigir um táxi com um assassino profissional como passageiro; salvar um prédio comercial de terroristas russos em plena véspera de Natal; ou, simplesmente, matar aula e vadiar com os amigos.

E o Cinema retrata muito bem essa maluquice, que 24 horas podem se tornar. Por isso, o E Aí, Cinéfilo, Cadê Você? selecionou nove filmes com essa temática.

Claro que não são necessariamente os melhores. Se outra pessoa tivesse feito essa mesma lista, eu mesmo pensaria: “Mas faltou aquele filme. Que lista fulera!”

Sem mais delongas:




9. Jovens, Loucos e Rebeldes, de Richard Linklater (1993)




8. Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock (1948)



 

7. Colateral, de Michael Mann (2004)




6. Superbad – É Hoje, de Greg Mottola (2007)




5. Depois de Horas, de Martin Scorsese (1985)




4. Um Dia de Cão, de Sidney Lumet (1975)





3. Duro de Matar, de John McTiernan (1988)




2. Curtindo a Vida Adoidado, de John Hughes (1986)




1. Magnólia, de Paul Thomas Anderson (1999)