sábado, fevereiro 21

Crítica: Selma: Uma Luta Pela Igualdade (2014)


Por Maurício Owada

"A memória de conquistas recentes,
de direitos irrefutáveis"

Enquanto alguns exaltam os heróis americanos que empunham a arma e um objetivo ilusivo, temos a memória de homens que utilizaram da não-violência e do grande debate da segregação racial, como Martin Luther King Jr., um ativista que pregava a igualdade entre as etnias, assim como a palavra de Deus em seus cultos. Com grande poder oratório, seus discursos são os mais conhecidos, entre eles "I have a dream", aonde a chama de esperança de novos e melhores tempos eram desejadas de forma tão intensa.

Com pouquíssimos filmes sobre o ativista, Selma: Uma Luta Pela Igualdade (Selma) retrata a marcha de milhares de pessoas, não só negros como também brancos simpatizantes da causa, saindo da cidade de Selma até Montgomery, no Estado do Alabama, pela direito do voto. A diretora Ava DuVernay retrata de forma sóbria e sem espetáculo de violência, ao mesmo tempo que filma com intensidade as agressões desses homens e mulheres, velhos e jovens, assim como suas reações a repressão, e sua direção de atores calca mais em um olhar mais intimista do ativista e daqueles que o cercavam, do que grandes discursos embalados por um trilha-sonora inspiradora, que já foi feito por diretores negros em outros filmes do tema, como Spike Lee e até, Denzel Washington. Ava sai do lugar comum, não utiliza tanto uma trilha convencional e insere R&B e Rap, como a música Glory.

David Oyelowo trás um personagem forte de ar complacente, encarna um Luther King que às vezes, quase se abate pelo racismo enraizado, que parece nunca ter um fim. Contando com uma gama de bons coadjuvantes, tendo ainda Carmen Ejogo, Oprah Winfrey, Cuba Gooding Jr., Tim Roth e Giovanni Ribisi, outro ator que brilha (um pouco menos que Oyelowo) é Tom Wilkinson, com uma postura mais encolhida para viver o presidente Lyndon B. Johnson, seu papel não aparece no roteiro apenas como referência histórica, mas também um alicerce de todos os acontecimentos.

Paul Webb explora em seu roteiro os diversos pontos de vista da marcha, desde os planejamentos e estratégias para atingir o objetivo com a marcha, ensinando pra muita gente que mesmo reivindicações necessitam de inteligência para que se vire o jogo contra autoridades reacionárias, até a utilização de intertextos para mostrar a espionagem que o FBI exercia em Luther King, assim como as manobras políticas para reprimir a manifestação. O roteirista destrincha os bastidores históricos e constrói de forma plena seus personagens principais, onde o protagonista vive entre o peso de sua missão e o desejo de uma vida plena, uma busca pela paz de espírito com a situação do mundo e saber do seu destino já nos livros de história trás a sensação de um homem que lutou por conquistas que ele mesmo não desfrutou.

Selma é forte em seu tema, reacende uma questão que infelizmente ainda não adormeceu, é presente na nossa sociedade e às vezes, defendida por discursos reacionários tão absurdos mesmo para um final de século XX. Demonstra a crueldade da segregação, a ignorância do preconceito e as circunstâncias trágicas e insistentes de uma sociedade que ainda não aprendeu a se acostumar com um outro indivíduo com a cor da pele diferente.

Nota: 8,5/10,0




Trailer:

2 comentários:

  1. Ouvi falar muito bem desse filme. Este e 'Sniper Americano' são os únicos dos indicados para Melhor Filme que ainda não conferi.

    http://filme-do-dia.blogspot.com.br/

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  2. ainda vou assistir Selma ,mas a duas semanas tive o prazer de ver o filme Oj Jogo da Imitação! o filme é bom demais e merecia ter ganhado um Oscar! o Benedict trabalha muito bem interpretando o Turing que é um pouco arrogante mas um sujeito gênial e que tem dificuldade de se relacionar com as pessoas!! Marcos Punch

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