segunda-feira, fevereiro 2

O Desafio dos 365 Filmes em Um Ano - 5ª Semana

Por Maurício Owada

Entre mais alguns filmes nesta semana, fiz um apanhado de mais longas indicados ao Oscar, principalmente as animações indicadas, mesmo o ignorado Uma Aventura Lego, cuja história inventiva acerca dos brinquedos LEGO não foi reconhecida pela Academia.

Filmes sobre rádio-novela, um suspense de Alfred Hitchcock também rechearam a semana, que foi bem produtiva. Na próxima semana, teremos ainda mais filmes que estão na etapa final da temporada de premiações, com a concorrência acirrada entre Boyhood e Birdman.

#26 - Bem-Vindo, Mr. McDonald (1997) - Rajio no Jikan

Nota: 9/10

Direção: Koki Mitani

Entre a liberdade criativa, os egos de estrelas, problemas técnicos e a culturalização americana massificada no Japão, Mitani faz um delicioso e divertido filme sobre a gravação de uma rádio-novela. Após ganhar o concurso de roteiro na rádio, uma dona de casa vê seu roteiro ser mudado drasticamente para satisfazer os atores que fazem parte do programa e também os patrocinadores. Com um trabalho de câmera primoroso e uma grande gama de atores bem dirigidos e engajados numa divertida história, em um texto tremendamente teatral e cheio de acontecimentos absurdos e reviravoltas. Um deleite para quem quer ver um filme pra rir e relaxar, mas ainda assim, com um trabalho de ótima qualidade. O mais curioso é ver o ator Ken Watanabe, conhecido pelos personagens fortes e olhares sérios como um caminhoneiro ouvinte da rádio-novela que usa chapéu de cowboy.

#27 - Os Boxtrolls (2014) - The Boxtrolls ~~ (Maratona de Premiações)

Nota: 7/10

Direção: Graham Annable e Anthony Stacchi

Uma charmosa animação, com uma história adorável. Com um visual que remete a filmes de Tim Burton, com cenários que remetem ao expressionismo alemão, todo torto e fora do espaço real, junto com um trabalho de iluminação contrastante em cenas mais escuras. Personagens adoráveis e um típico vilão c
aricato, a modelagem dos personagens animados em stop-motion e suas expressões nos fazem duvidar da técnica de tão bem trabalhado. Porém o roteiro é bem simples e não tem nada que o torne mais memorável, mas ainda assim, acerta pelo cuidado com o visual e por um tom bem leve e uma trama divertidíssima, com uma mensagem contra o preconceito e pela ganância sem sentido.

#28 - Uma Aventura Lego (2014) - The Lego Movie ~~ (Maratona de Premiações)

Nota: 8/10

Direção: Phil Lord e Christopher Miller

Uma das animações mais criativas do ano passado, o filme brinca com as possibilidades do brinquedo para criar um desenho cheio de referências e sacadas diante do conceito do Lego, aonde a mensagem final demonstra a importância da infância e da imaginação proveniente. Assim como a trilogia de Toy Story e Detona Ralph!, Uma Aventura Lego apela para o saudosismo atemporal, da infância, das histórias inventadas, das soluções fáceis e o deus ex machina que a gente inventava em cada minuto como uma reviravolta nas tramas que a gente criava em nossa cabeça, com os bonequinhos como personagens e as peças como os grandes cenários ou como as navezinhas mais legais e rápidas do universo.

#29 - Pacto Sinistro (1951) - Strangers on a Train

Nota: 9,5/10

Direção: Alfred Hitchcock

Hitchcock foi um diretor que sempre moldava o texto e o tom a sua maneira de ser. A intrigante história de um homem que comete um assassinato a "favor" do outro e ainda, cobra para que o outro faça o assassinato dele cai como luva nas mãos de Hitchcock. Uma das coisas que, vendo sua filmografia, percebe-se... é quanto o cineasta tinha interesse em personagens com desejos reprimidos e obsessões incontroláveis, como o personagem de Robert Walker, que fixa seu olhar frio cheio de sede de sangue em suas vítimas. Um personagem cuja silhueta de terno e chapéu é sempre notada, além de uma personalidade peculiar. Não era a toa que o chamavam de Mestre de Suspense... até o próprio Hitchcock.

#30 - Sniper Americano (2014) - American Sniper ~~ (Maratona de Premiações)

Nota: 7/10

Direção: Clint Eastwood

A trajetória de Chris Kyle, um dos atiradores mais mortais da marinha americana, segue na leva de filmes de guerra modernos, na luta contra o terrorismo no Oriente Médio. Bradley Cooper fica mais forte e toma trejeitos texanos para viver o atirador, vivido com competência. Um homem que sai de sua terra para "defender o país" toma proporções dramáticas, mas o americanismo presente no tratamento do personagem principal, dos terroristas e do atirador rival, que são tratados de forma arquetípica, mas o roteiro de Jason Hall acerta ao criticar a política dos EUA mandar os jovens a guerra, ao invés de cuidar de seu próprio território. Bem conduzido por Clint, demonstrando ser um cineasta ainda fortemente atuante na indústria, demonstra força no drama e nas cenas de ação. O que incomoda apenas é a falta de um olhar mais crítico, como se acovardasse diante dos problemas da relação dos EUA com os outros países... como se importasse apenas o que eles fazem no próprio quintal.

#31 - Leviatã (2014) - Leviafan ~~ (Maratona de Premiações)

Nota: 10/10

Direção: Andrey Zviagintsev

Segundo Thomas Hobbes, o estado de natureza, aonde haveria "a guerra de todos contra todos", seria superada por um governo central e autoritário, que governaria absoluto e tomaria todo o poder para si - o Leviatã, que sob diversas formas, atuaria nos moldes deste governo. Na Rússia, dominada por um governo corrupto integralmente, o Jó, que é descrito por um padre, encarnado metaforicamente no papel de um homem que vê sua casa ser retirada pela prefeitura para fins comerciais, além dos problemas familiares que começam a tomar conta, Kolia se encontra com um 'monstro' que está disposto a engoli-lo, em uma série de tempestades no meio de um mar revoltoso. Para complementar, o filme coloca a 'força divina' ao lado deste Leviatã, representado por uma Igreja aliada a um governo corrupto, a mesma que condena num sermão em seu final, as ações de um Estado deteriorado que vê pena em arruinar a vida de um homem por um pedaço de terra. No final, só se vê ruínas das pessoas e dos valores.

#32 - O Conto da Princesa Kaguya (2013) - Kaguya-hime no Monogatari ~~ (Maratona de Premiações)

Nota: 10/10

Direção: Isao Takahata

Se Miyazaki impressa o mundo real no mundo de fantasia, Isao Takahata sempre adquiriu outra dinâmica: imprimir o mundo real nas suas animações, ou envolvê-las com fantasia. Assim como seu último filme, Meus Vizinhos, os Yamadas, Takahata demonstra seu gosto por traços e cores mais minimalistas, assim como em Only Yesterday. A adaptação do conto do cortador de bambu, que faz parte do folclore japonês, o cineasta desenha em traços que lembram uma gravura, assim como as cores aquareladas, a história de uma princesa que cresce livre nas montanhas floridas e cheias de animais e se deprime quando muda para a capital, vivendo em uma imensa e fechada mansão. A animação é primorosa e os movimentos dos personagens, principalmente da princesa Kaguya quando bebê, só denota a dedicação e o brilho de um estúdio que nos trás sempre animações encantadoras. Mais uma obra-prima de Isao Takahata.

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