terça-feira, maio 15

Crítica: A Mulher de Preto (2012)



Por Wendell Marcel

"O terror do filme não é bom, e a arte 
torna tudo mais ainda ridículo"

A produtora britânica Hammer Films é conhecida por realizar ótimos filmes de terror, principalmente a temática gótica de Drácula e Frankenstein, nas décadas de 50 e 60 do século passado. Limitada a esse gênero a produtora se dedicou exclusivamente a forma clássica de se fazer um filme de horror: união complexa de fotografia, direção de arte, sonoplastia e direção. Unidas, as quatro técnicas em conformidade de imagem, cor, efeitos sonoros e filmagem criavam belas obras de arte do cinema, tanto pela criatividade como também na determinação de um jeito diferente de se fazer cinema, com um toque de fantasia e maneirismo. Contudo, a Hammer decaiu suas produções clássicas nos últimos anos, e hoje em dia quase não se vê sua marca na introdução das películas à moda antiga. Porém, neste ano a produtora lançou o mais novo e arriscado horror da Inglaterra, repleto de aspectos modernos, mas também singularidades daquele cinema antes exportado dos anos de ouro da produtora. A Mulher de Preto (The Woman in Black) trouxe uma arriscada imagem do que seria um filme de horror nos moldes originais, sombrio e inquieto, perverso e imediato.

Arthur Kipps é um advogado que viaja para uma cidade afastada do centro da Inglaterra. Lá, ele terá que organizar a papelada de uma casa velha, assombrada e totalmente invendável. Cotterstock Hall: é velha, assombrada e afastada da civilização (detalhe, ela fica numa espécie de ilha, que a maré cobre a estrada diariamente, portanto, quem ir visita-la corre o risco de ficar preso na casa). Kipps é um pai viúvo, amargurado, que deve fazer de tudo para resolver o caso dos papéis da casa, do espírito maligno, e sobreviver a tudo e todos, já que todos, inclusive ele próprio, sabem do motivo pelo qual toda essa esquisitice acontece. Espíritos assombrados, uma população aterrorizada por uma alma possuída pela vingança, o dever do serviço que têm de ser feito pelo advogado, tudo é tão prático que não convence. É claro que não deve convencer, mas ainda que a história fosse tão suspeita como ela realmente é, ao menos soaria incessante caso o único método pudesse ser inteiramente pensado: a racionalidade.
A racionalidade pode sim ser um passo a seguir nos terrores modernos, ela mesma cria a fantástica sensação de realidade, quando faz o espectador acreditar em uma simples ideia concebida através dos personagens. Não soa como uma suposição, indiferente do que poderia criar a atmosfera de nervosismo e, novamente, inquietação. Sem Saída (Eden Lake, 2008), filme anterior de James Watkins (direção) é relativamente isso. Apesar da proposta corajosa, o terror elegante, os quadros corriqueiros, performances esforçadas (principalmente de Daniel Radcliffe) a fita somente mostra uma história repleta de falhas estéticas, um roteiro miúdo e mal desenvolvido, fotografia e direção de arte abaixo da média. O “mais-que-terrível” é acabar de assisti-lo e pensar que todos se propuseram a repensar estratégias de marketing, nos recursos financeiros gastos, na difícil transformação do ídolo juvenil da década em um homem de talento; parar, pensar, e não absorver nada, como se uma onda levasse embora os medos, a desenvoltura em barganhar o espectador na simples tarefa de remeter ao ridículo, que é o gênero terror. Com A Mulher de Preto nada vai surpreendê-lo, somente o fato notório de que tudo evolui, indiscutível para o melhor ou pior, mas inegavelmente para o vazio.

Avaliação: 4/10





Trailer:


7 comentários:

  1. Tenho uma curiosidade mórbida para assistir, mas por enquanto tenho outras "prioridades" para ver rs.

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  2. Também sou bastante curioso pra ver esse filme. Principalmente pra saber se o Radcliffe consegui se "desencarnar" de Harry Potter.

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  3. Confesso enquanto assistia a este filme e olhava pro Radcliffe, só conseguia ver a aura de Harry Potter encobrindo ele. Ele até que se esforça, mas vai precisar de mais se quiser ser encarado como um ator sério e se livrar do estigma do bruxo.

    Quanto ao filme, é apenas bom, com alguns sustos legais, climinha agradável, e só.

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  4. Nada pessoal, mas a crítica tá péssima. Se eu fosse você, via o filme de novo, sem preconceitos. Vazio é uma coisa que o filme não é.
    "uma história repleta de FALHAS ESTÉTICAS, um roteiro miúdo e MAL desenvolvido, fotografia e direção de arte ABAIXO DA MÉDIA." WTF?!

    http://iludidos.wordpress.com/

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  5. Eu já concordo com a crítica. Não consegui ver nada de mais nesse filme, apenas um terror barato, com alguns sustos, e nada mais que isso.

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  6. Comentário recebido, Bruno!

    A Hammer se propôs a desenvolver o mesmo estilo de horror nos moldes clássicos: sombrio, repleto de sustos imediatos. Mas não vi nada disso, somente um filme que sofre putrefação no seu decorrer, e que possui uma baixa altoestima em relação a toda a progressão narrativa!

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  7. Harry Potter.. Não adianta Daniel. .

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