terça-feira, junho 11

Crítica: O Lugar Onde Tudo Termina (2012)


Por Maurício Owada

"Derek Cianfrance leva seus personagens até a última consequência"

Quando dois destinos distintos se cruzam, o que surgirá a partir disso? As consequências de agora carregam conosco nosso passado, nossas atitudes, nossas escolhas. E elas não apenas nos afetam, mas a todos ao redor, às vezes da maneira que você menos espera, às vezes do modo que você não queria.

O filme gira em torno de duas tramas: Luke (Ryan Gosling) é um motociclista hábil que reencontra uma ex-namorada e descobre que eles tiveram um filho, em seu dever de pai, procura fixar-se em um emprego para sustentar seu filho mas acaba partindo para assaltos a bancos, batendo de frente com Avery Cross (Bradley Cooper), um policial que obteve êxito em uma ocorrência no meio de uma patrulha de rotina e é condecorado como herói, e com a ambição de querer subir na corporação, decide lutar contra a corrupção lá de dentro, o que o torna um famoso político, porém o destino de ambos entrarão em rota de colisão novamente.

As duas famílias de cada trama possui situações financeiras e estruturais diferentes, seguindo uma da outra  de forma linear aos acontecimentos que ocorrem na tela, flui de uma maneira natural e consegue abranger todos os personagens presentes, graças à excelente direção de Derek Cianfrance (Namorados Para Sempre, Blue Valentine, 2010), que tem um excelente domínio de câmera durante o longa, principalmente no começo em que há um plano-sequência que acompanha Luke de seu trailer até uma apresentação de globo da morte, até a perseguição policial filmada de dentro da viatura, e o cineasta ainda consegue dar espaço para todos os atores trabalharem. A fotografia é linda e enaltece bastante as cores vivas, que valoriza os planos aberto em meio aos pinheiros que rodeiam a cidade, como descrito no título original.

Enquanto ao elenco, Ryan Gosling mais uma vez se define como um dos melhores atores da atualidade, Bradley Cooper também demonstra que tem jeito para o drama e está amadurecendo a sua própria carreira, quanto aos atores secundários, Eva Mendes surpreende como Romina, uma mulher já envelhecida pelo tempo e pelas marcas do passado e até os mais novos do elenco - Dane DeHaan e Emory Cohen - surpreendem em seus papéis como dois rapazes que entram em meio ao furacão quando o passado vem à tona; Ben Mendelsohn, de O Homem da Máfia (Killing Them Softly, 2012) têm um papel secundário de pouco destaque, mas consegue ter uma presença de cena como um mecânico decadente que mora no meio do mato.

A direção de atores é competente e surpreende como Ryan Gosling e Eva Mendes interpretam ao lado do bebê que faz o filho deles na ficção, a sensibilidade dos intérpretes tanto quanto do diretor, que instrui os atores de modo a captar a mais bela e natural sensação de uma família de verdade, que o espectador sente apenas naquela cena em específica em grande intensidade, e reforçada na narrativa por uma fotografia velha e amassada que guardava aquele breve e único momento de felicidade.

Derek Cianfrance cria uma obra com atuações marcantes, e conduz seus personagens a situações extremas e os põe em rota de colisão, onde futuro, presente e passado entram em atrito, marcas voltam à tona e caminhos distintos decidirão seus destinos e levarão seus personagens até as últimas consequências. O Lugar Onde Tudo Termina é sobre que vai e fica guardado, armazenado nas lembranças e no tempo.

Nota: 9,0/10,0




Trailer:

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