sábado, julho 20

Crítica: O Homem de Aço (2013)


Por Kaio Feliphe

"Um Batman Begins ruim."

Há pouco mais de um ano, estreava nos cinemas nacionais Os Vingadores: The Avengers (The Avengers, 2012), a tão esperada reunião dos heróis da Marvel nos cinemas. O filme dividiu opiniões, mas grande parte dos fãs de cinema e HQ’s amaram, o que levou algumas pessoas a pensar se a DC Comics faria a mesma coisa e mandaria a Liga da Justiça para as telonas. Acho que depois dos mais de US$ 1,5 bilhão de bilheteria que a Marvel obteve apenas com Os Vingadores, a resposta ficou bem clara.

Aqui surge O Homem de Aço (Man of Steel, 2013), filme de um dos heróis-ícone da DC, o Superman. O herói de uniforme azul e capa vermelha já teve suas aparições no cinema, como o grande destaque a primeira delas, em Superman – O Filme (Superman, 1978), que tinha em seu elenco nomes de peso como Marlon Brando, Gene Hackman, Mario Puzo no roteiro (sim, o escritor de O Poderoso Chefão) e o, para muitos, eterno Clark Kent, Christopher Reeve. O problema é que os filmes do herói nunca renderam o mesmo sucesso que o filme de 1978. Um grande exemplo é Superman – O Retorno (Superman Returns, 2006), filme que teve fraca recepção de crítica e público.

Diante disso, muitos tinham a expectativa de voltar a ver Superman alçando vôos mais altos com esse novo filme de Zack Snyder.

Ah, Snyder! Amado por alguns, odiado por tantos outros. Diretor de 300 (300, 2007) e Watchmen – O Filme (Watchmen, 2009), também adaptações de HQ’s, foi o escolhido pela DC e Warner para comandar a direção de O Homem de Aço, ou não. Isso porque, na produção e roteiro do filme, está Christopher Nolan, o diretor da idolatrada trilogia Batman. E essa participação direta de Nolan no filme é clara e prejudicial.

Olhando de uma maneira direta, a parceria Nolan/Snyder tinha tudo para fracassar. O estilo de um é completamente diferente do outro, quase oposto. Nolan tem um tom mais frio, sombrio e cerebral. Snyder já é mais presente na direção, com cortes e slow-motions, tem uma pegada mais vibrante, “colorida” e sexual. Na comparação de estilos entre Watchmen e Batman, essa divergência fica evidente.

E essa briga de estilos também ocorre em O Homem de Aço. Enquanto o roteiro explora um lado humano de Superman, com conflitos pessoais e existenciais, e retrata uma Metrópolis cinza, sombria e, até certo pronto, triste, a direção é ao estilo Snyder, cortes secos, planos muito fechados e mise-en-scène confusa. Isso tira qualquer possibilidade do filme ter uma identidade, uma cara. O Homem de Aço é um filme vazio e opaco.

E nem Snyder, nem Nolan fazem um trabalho bom. O roteiro gera uma estrutura narrativa extremamente problemática, tudo graças a um pequeno detalhe: a elipse mal feita. Um salto de 33 anos em que, em uma cena aparece o bebê Kal-El (ou Clark Kent) na nave vindo para a terra, na seguinte aparece Clark adulto trabalhando em um barco de peixe. Esse pulo na história compromete todo o restante, já que o filme fica expondo constantes flashbacks que quebram toda a construção emocional da obra. Além disso, em um certo momento, Clark simplesmente se opõe ao que o personagem é apresentado a nós, um alienígena que zela pela humanidade. Na cena do furacão, Clark simplesmente assiste seu pai adotivo, Jonathan Kent (em uma ótima atuação de Kevin Costner), correr para salvar o seu cachorro e, consequentemente, para a morte e não faz nada. Claro que o pai de Kent fica o filme todo falando que não é para ele expor seus poderes por medo das reações dos outros, mas deixá-lo morrer por causa disso já é demais, não?

A direção também é defeituosa. Snyder filma tudo de maneira irritante, com a câmera tremida que dificulta a compreensão, além dele filmar tudo de muito perto, praticamente sufocando os personagens. A briga de Jor-El (Russel Crowe) e Zod (Michael Shannon) no início é um exemplo claro. Nas cenas de batalha, o excesso de cortes chega ao insuportável. Para completar, O Homem de Aço é esteticamente feio. Os tons cinzentos e sem vida da fotografia não agradam. Talvez isso seja por causa de Nolan, numa tentativa de “batmizar” Superman. Lembram de Batman & Robin (Batman & Robin, 1997)? O que Schumacher fez com Gothan, transformando-a num verdadeiro carnaval, é similar ao que Nolan fez com Metrópolis, só que ao contrário (e em menor escala).

Em relação aos atores, bons trabalhos, mas nada de mais. Henry Cavill faz um trabalho digno, incorporando um Superman que sente o peso de ser a salvação do planeta que o acolheu. Amy Adams faz uma Lois Lane neutra, não atrapalha, mas não vai muito longe. Os destaques são Crowe e Costner, que retratam muito bem a figura paterna que representam.

O Homem de Aço é um filme que podemos chamar de decepção, devido às ambições que a DC e a Warner tinham. Talvez por ser um começo de uma nova investida o filme tenha tantos problemas de identidade. Mas esperamos que nos próximos trabalhos, os manda-chuvas das duas empresas escolham melhor a equipe de trabalho, e que essa equipe tenha um desempenho digno. Não só os fãs de HQ’s merecem, mas os fãs de cinema também.

Avaliação: 5.5/10




Trailer:

Um comentário:

  1. Discordo, o filme tem seus defeitos, mas tem muitas qualidades!

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