sábado, julho 14

Crítica: Na Roda da Fortuna (1994)




Waring Hudsucker, dono e administrador de uma das maiores empresas de Wall Street vai de bem para melhor, e no auge do seu progresso, repentinamente, ele, no meio de uma reunião que dava boas novas sobre o papel da empresa no mercado, se atira da janela do 45º andar (ops, 44º, sem contar o mezanino), e se espatifa no chão, e conforme as normas da empresa, as suas ações que correspondem a 85% da empresa, estará disponível ao público caso ele morresse, e para evitarem perder tudo, colocam um "idiota" no comando da empresa, e assim desvalorizaria a empresa e Sidney J. Mussburger (Paul Newman), líder do comitê de diretoria, assumiria o comando. Mas o tal "idiota" leva adiante uma ideia aparentemente nada entusiasmante que inventara no meio de seus estudos no interior, e acaba estragando os planos de Mussburger.

Neste filme, que pode se dizer dos Irmãos Coen, apenas Joel Coen assume a cadeira, enquanto Ethan assume o roteiro junto com o irmão, com a colaboração de Sam Raimi (Homem-Aranha, 2002), o roteiro é cheio de sacadas e diálogos engraçdíssimos, expondo o típico senso de humor deles, aliás, suas marcas características ficam bastante evidentes neste filme, seja a narração em off que inicia o filme num típico sotaque de negros do sul (região do EUA onde os Coen satiriza a população de lá em alguns filmes como Arizona Nunca Mais, 1987), a história usa e abusa dos absurdos de forma inteligente e engraçada, seja nas situações ou diálogos, e uma direção inspirada que faz deste um filme delicioso de se assistir.

O filme é claramente uma sátira sobre o mundo capitalista, tendo como foco as grandes empresas onde informações de lucros e ações vão pra lá e pra cá, demonstrada na cena da Carta Azul, todo o alvoroço e pânico que se cria perante a tão temida carta. Os personagens são caricatos, onde apenas Norville Barnes (Tim Robbins) e Amy Archer (Jennifer Jason Leigh) apresentem certa complexidade, enquanto Paul Newman esbanja no seu papel que é bastante divertido e vilanesco, sempre com seu inseparável charuto. É uma crítica ao mundo competitivo e cruel do mercado de ações, onde até o mais idealista dos jovens perde a noção de humanidade.

A parte técnica estão impecáveis, a música composta por Carter Burwell nos conduz na trama de forma deliciosa, seja em momentos dramáticos quanto engraçados, e o cenário ajuda na construção do filme fazendo uma belíssima recriação de Nova York nos anos 50 como o cenário interno do prédio e o bar beatnik, além da fotografia, trazendo todo o clima da época à tela, trabalhando bem também com o preto e branco nas cenas que mostram a ascensão de Norville na empresa e o sucesso do bambolê.

Num mundo onde apenas as frias engrenagens rodam o relógio (tempo=dinheiro), nada como um bambolê, não para fazer apenas sucesso e dinheiro, mas para alegrar as pessoas, levar os negócios num foco muito mais humano, que é o que está faltando hoje em dia!! You know, for kids!!

Avaliação: 8/10



2 comentários:

  1. É o típico filme dos irmãos Cohen, com piadas críticas e inteligentes, além de personagens estranhos.

    Vale como curiosidade ver Paul Newman como o vilão.

    Abraço

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  2. Aqui eles (Os Cohen)beberam na fonte das comédias das décadas de 30 e 40. Belo texto.

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