quinta-feira, julho 26

Crítica: Valente (2012)


Após o fracasso no ano passado com Carros 2 (2011), em termos de qualidade, o estúdio de animação Pixar tratou de logo lançar o trailer de seu novo longa de animação, Valente (Brave), que prometia mostrar um pouco da cultura escocesa, e uma mulher como protagonista, que era uma donzela, mas empunhando um arco e flecha, ou seja, de indefesa não tinha nada.

O que saiu foi um filme visualmente bonito, mas chama a atenção é a narrativa a la Clássicos Disney num desenho de um estúdio considerado artisticamente ousado e criativo, e isso fica mais evidente quando toca uma música no meio da narrativa, como forma de conduzi-la, como acontecia nos desenhos da Disney, além de um humor que apela para piadas mais fáceis e físicas, longe do roteiro não ser inteligente, mas não tem a mesma sofisticação.


A história mostra uma princesa escocesa, Merida, de espírito aventureiro, porém vive uma rotina rígida empregada pela mãe, a rainha Elinor, que pretende educar a filha como uma verdadeira princesa, de bons hábitos, o que contraria a vontade de sua primogênita de hábitos camponeses, como comer de boca cheia, andar de cavalo pela floresta e andar para lá e para cá com seu inseparável arco e flecha, de cabelos ruivos, compridos e encaracolados a solta, como uma representação de sua personalidade, enquanto sua mãe anda de cabelos presos; e o rei Furgus beira entre o alívio cômico e a velha bravura viking, como na cena que enfrenta o urso que arrancou sua perna. A princesa, cansada das tradições que a levarão ao casamento, algo que ela teme por saber que a privará de sua liberdade, pede para uma bruxa; cuja feições faciais (principalmente o nariz grande de batata) lembra a bruxa Yubaba do filme A Viagem de Chihiro (2001), de Hayao Miyazaki (fundador e dono do Studio Ghibli, cujo estúdio tem um elo de admiração com o estúdio-mor de animação ocidental), para que mude a sua mãe para desistir do casamento, porém a princesa não imagina que tal palavra é levada  tão a sério pela bruxa e sua mãe vira um urso, e o seu desejo põem em risco o reino e a vida de sua mãe, que pode ser um animal selvagem para sempre se não correr contra o tempo.

Se o filme carece de uma identidade própria, pelo menos capricha na história que é muito bem conduzida, e todos os personagens são carismáticos, até os mais secundários como os pretendentes a mão da princesa. A Pixar demonstra sua qualidade em construir belíssimos cenários como o castelo e sua característica iluminação de velas e lampiões, e as florestas de um verde belíssimo e cheio de vida, em contraste com as ruínas de um reino destruído pelo orgulho de um príncipe egoísta, uma lenda que complementa a narrativa ao todo.

Valente, apesar de um jeito mais Disney de contar histórias, e um pouco menos de coragem que possuía seus longas anteriores, traz de volta a confiança dos admiradores da lâmpada viva, em uma história muito bem contada, construindo personagens em um roteiro conciso e de visual belíssimo, além de uma ótima mensagem, sem feminismo ou conservadorismo (leia-se machismo), que mostra a quebra de tabus sem perder os valores atemporais da vida e do ser humano, como a família, a união e o amor.

Nota: 8,5/10

4 comentários:

  1. O filme é muito bom, mas sai perdendo quando é comparado com outras obras da Pixar, muito mais ambiciosas e maduras. Mas é bem divertido, mesmo assim.

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

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  2. Para mim um filme meio desengonçado nos seus atos. Demora demais para engrenar, despeja seu conflito dramático para resolvê-lo com pressa e sem o devido cuidado. A ideia era boa, foi apenas mal executada.

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  3. Achei visualmente bonito, mas com uma história muito menos cativante do que outros longas da Pixar. E fiquei inconformada por conta dos ursinhos não serem ruivos!

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  4. Não consegui perceber nenhum ponto que faça a diferença no filme, apenas é uma história divertida e nada mais.

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