segunda-feira, maio 27

Crítica: Twixt (2011)



Por João Inácio

Twixt é um filme estranho, dirigido por ninguém menos que o veterano, adorado pela maioria absoluta dos cinéfilos, Francis Ford Coppola. O filme sofreu varias críticas sendo apontado por muitos como o mais fraco de sua carreira.

Focando sua estória em um escritor em crise (Val Kilmer), chega a um pequeno povoado e se vê envolvido no misterioso assassinato de uma jovem, e vai se envolvendo em uma trama de investigação que muito tem haver com sua literatura e a de Edgar Alan Poe. O primeiro elemento que salta e se destaca na tela é  o desleixo técnico mas talvez o que o filme tem de mais interessante venha desse fator, com uma direção de arte limitada, enquadramentos duvidosos e split-screens malfeitos sempre que surge  um personagem vai falar ao telefone. Existem aqueles que acreditam que o diretor simplesmente desaprendeu como dirigir um filme, sendo isso verdade ou não, o que importa é que o filme tem de mais legítimo vem desse fator, criando um atmosfera de filme B vagabundo que beneficia muito a estória que esta sendo contada; a técnica rudimentar ainda rende uma contradição interessante quando comparamos esse com os filmes mais recentes de um outro diretor veterano da mesma geração de Coppola: Martin Scorsese, o diretor de Taxi Driver (idem, 1976) em seus filme mais recentes vem empregado um aspecto técnico tão castos que beiram um virtuosismo barroco que serve mais para impressionar facilmente do que para acrescentar algo ao filme. Por esse óptica, Twixt me parece bem mais honesto que os últimos filmes do Scorsa.

Falando em Scorsese, é notável que Twixt tem muito em comum com Ilha do Medo (Shutter Island, 2010), tirando a já citada técnica exagerada, a principal força motriz de Ilha são os ecos dos filmes Polícias B década de 40 e 50 que o filme chupava. Em Twixt, Coppola tenta tirar a força de seu filme de referências a literatura de Edgar Allan Poe, mas onde Scorsese foi bem sucedido FFC não consegue ter o mesmo êxito, já que Twixt nunca ultrapassa a homenagens, ainda que digna e interessante, a Poe, o filme depende da força da literatura e das influências literárias para que tenha vida. Sua vitalidade depende da obra de outro.

Outro fator que pesa para que julguemos Twixt como um filme estranho é a escolha do ator Val Kilmer como protagonista. Carismático, mas limitado como intérprete, Kilmer esbanja canastrice, algo que gera um saldo nas cenas cômicas onde o filme apela para o humor negro e que ressalta o fato do filme não levar a sério, mas compromete totalmente a parte dramática do filme, tirando qualquer impacto que essa possa ter. Parece que Coppola acredita mesmo na força da sub-trama do personagem de Kilmer e sua esposa, mas essa é provavelmente a parte menos interessante do filme.

No fim parece que as maiores qualidades da película são as curiosidades. Twixt pode não ser um filme ruim, mas não é exatamente bom.

Nota: 6,0/10,0

Trailer:


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