sábado, junho 16

Crítica: Os Bons Companheiros (1990)



"Tudo que eu me lembro é que eu queria ser um gângster."

Dessa frase se inicia uma das obras que trazia uma nova cara ao gênero gângster, ainda muito focado nos mafiosos dos anos 20 e 30, não que tenham perdido seu charme, mesmo após O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972) que traria um abordagem mais realista e humanizada daqueles "homens de negócio".



Baseado no livro Wiseguys de Nicholas Pileggi, que co-roteirizou com Martin Scorsese, conta a trajetória de Henry Hill no mundo do crime, junto com Jimmy Conway e Tommy DeVito, formado pelo excelente trio Ray Liotta, Robert De Niro e Joe Pesci, este último rouba o filme como um gângster violento e imprevisível, destaque na cena em que ele pergunta ao um companheiro seu porque o considera engraçado, criando um clima tenso que consegue apresentar o personagem com ótimos diálogos.

Scorsese nos oferece a primeira metade do filme com um espetacular clima de nostalgia, nos faz sentirmos mais íntimos daqueles bandidos que riem, fazem piadas e bebem juntos, sintetetizando bem o título do filme, todos companheiros e camaradas em suas fartas mesas, em contraste com as vidas profissionais daqueles homens em foco. A segunda metade nos mostra a desglamourização daquilo tudo que Scorsese nos apresentara com aquele olhar fascinado e nos dá um choque de realidade, representada na situação de Henry Hill, protagonista e quem conta a história na narração em off.

O trabalho de câmera é incrível, com belíssimos ângulos e excelentes movimentos e efeitos, destaque no plano-sequência da porta de trás do restaurante até dentro do estabelecimento, além da ótima edição que dá todo um ritmo enérgico no começo do filme e a diminui no final, com menos músicas e uma visão mais crua do mundo dos mafiosos.

A trilha-sonora é incrível, com músicas que mesmo não conhecendo, nos ambientaliza naquela época retratada (anos 50 a 80), variando entre músicas românticas a rock'n'roll, demonstrando mais uma vez um Martin Scorsese com bom gosto musical.

Uma maravilhosa obra-prima, um dos melhores filmes de gângsters da história, e Martin Scorsese deixa sua marca na história do cinema, com todo sua técnica e todo o seu estilo.

"Para mim, ser gângster era melhor que ser presidente dos EUA."

Avaliação: 10/10


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