terça-feira, dezembro 10

Crítica: O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002)


Por Maurício Owada

"De proporções mais épicas, segundo filme da trilogia
progride e apresenta um dos personagens mais inesquecíveis do cinema"

Após o sucesso de público e crítica da obra de J.R.R. Tolkien e a qualidade da adaptação de uma obra literária de imenso valor artístico elevou o nome do diretor Peter Jackson a uma boa parcela do público e assim, o segundo filme da trilogia, As Duas Torres, era esperado com tamanha ansiedade e se o filme é totalmente dependente do primeiro filme - A Sociedade do Anel (The Fellowship of the Ring) - , sendo uma obra que não tem um começo e nem um fim (parecendo mais em um episódio do que uma continuação), Peter Jackson compensa essa estranheza da obra (que faz parte do livro também) com cenas de proporções mais épicas, além de obter as primeiras cenas de batalha, introduziu a um dos personagens mais psicologicamente complexos que despertou no público sentimentos de ojeriza e simpatia: Sméagol e seu alter-ego Gollum.

Iniciando a partir da dramática cena da confrontação de Gandalf (Ian McKellen) contra Balrog, mostrando a cena do ponto de vista do mago cinzento, o tom já sombrio da primeira parte domina inteiramente nesta parte, pois além da Sociedade do Anel ter sido desfeita e ter morrido um dos personagens, Gandalf não se encontra mais para ajudar e agora, enquanto Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davis) vão a Terra dos Homens, totalmente destruturada e frágil, em busca de ajuda militar contra o exército de Saruman (Christopher Lee) e Sauron, enquanto os hobbits Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) correm contra o tempo para levar o Anel a Mordor, para destruí-lo no fogo de onde foi forjado, encontrando no caminho Gollum, interpretado brilhantemente por Andy Serkis.

O segundo filme introduz novos personagens, como Éowyn (Miranda Otto) e Éomer (Karl Urban), além de Grima Língua-de-Cobra, interpretado por Brad Dourif, que fez sucesso precoce no premiado Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, 1975), que obtém uma influência maligna perante o rei Theóden (Bernard Hill). O núcleo que compõe o reino dos homens (que aliás, serve de metáfora imensa para a nossa) é retratado de modo quase shakesperiano, mostrando as intrigas de uma esfera política, o que traz uma tonalidade bem mais pesada e densa a As Duas Torres, além de uma Terra-Média aonde cada raça ainda está desunida por fatos do passado que marcaram a história daquele mundo profundamente. E é essa profundidade do universo de Tolkien que Peter Jackson e suas roteiristas Fran Walsh e Philippa Boyens agarram e enriquecem a adaptação cinematográfica, além de aproveitar ainda mais da licença poética do autor dos livros em uma passagem aonde Sam recita um poema, intercalado por uma montagem belíssima, acompanhado da emocionante trilha musical de Howard Shore.

O aprimoramento dos efeitos visuais é bem perceptível e é óbvio que o ápice chega nas partes em que aparecem Gollum e Barbárvore, aonde os efeitos digitais atingem um nível artístico que colocou o nome da Weta como uma das maiores empresas de efeitos especiais e colocou a trilogia cinematográfica como um divisor de águas dentro do ramo, ultrapassando limites que atingiam até a parte da atuação e se não fosse por grandes atores como Andy Serkis e John Rhys-Davis, que trazem toda uma caracterização de personagem surpreendente. 

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers) é uma obra que mantém a sua magnitude épica e o status de obra-prima dentro do gênero de fantasia, colocando a um nível artístico que não pode ser ignorado nem pela Academia, além de aprofundar a um público um universo rico e que vai muito além da trilogia cinematográfica (a obra sobre a Terra-Média ainda tem o livro O Silmarillion), além de todo o esforço de um cineasta apaixonado pela obra literária ficar evidente na tela por um resultado que mais tarde acompanharíamos o seu desfecho na obra seguinte: O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

Nota: 9,5/10,0




Trailer: 

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