domingo, março 31

Crítica: Pieta (2012)


Por Maurício Owada

"A redenção por meio da desgraça"

Que há um bom tempo a Coréia do Sul começou a ganhar destaque no cenário cinematográfico mundial, isso é inegável, filmes como Oldboy, de Chan-wook Park e Eu Vi o Diabo, de Jee-woon Kim expressam a violência, o que o rodeia e as consequências que ele traz de modo único, praticamente se tornou uma característica no cinema sul-coreano, e cujas obras vêm chamando a atenção do mundo, tendo mais destaque até que o Japão, que também revelou grandes cineastas alguns anos atrás.

O filme em questão é Pieta, com o pôster claramente inspirado no tema da arte cristã, sendo a de Michelangelo uma das mais famosas obras do Renascimento, o papel da mãe é evidentemente importante e de grande destaque assim como na obra italiana, apesar de que o papel de mãe e filho nas mãos de Ki duk-Kim é alterado de modo perverso, do mesmo modo como seus personagens são levados a seus destinos.

Kang-do é um homem frio e solitário que cobra empréstimos devidos a agiotas, quando estes não têm o dinheiro, ele cruelmente os aleija para que o seguro pague e eles possam quitar a dívida. Tudo muda quando aparece uma mulher que alega ser sua mãe e que pede perdão por tê-lo abandonado quando criança, inicialmente ele a rejeita até que aos poucos, ambos criam um laço afetivo.

Mais uma vez, o cinema coreano, apesar da forte presença maternal, se trata de vingança e desta vez ela atacando o próprio protagonista, que deixou com seu trabalho de extorsão um rastro de desgraça para aqueles que deviam e tendo uma mãe agora, o seu medo pela perda da mãe forçosamente o leva um caminho de humanização.

Ki duk-Kim tem uma fotografia pesada que retrata as favelas coreanas, que cada vez mais são oprimidas pelo crescimento de arranha-céus que toma praticamente toda a metrópole, os cenários dentro de oficinas dos trabalhadores dá uma sensação extremamente claustrofóbica, como se os personagens tivessem fadado a viver para sempre naquelas condições e seu uso de câmera é interessante, como em muitos momentos ele se utiliza de um close brusco em cenas de grande peso dramático.

Pieta é uma obra que mais uma vez, coloca o cinema sul-coreano em um status acima, levando prêmios importantes como o Leão de Ouro do Festival de Veneza, é uma obra que avalia a vida de seus personagens, levados a desgraça e assim, a humanização.

Kang-do: O que é o dinheiro?
Mi-Son: Dinheiro? É o começo e o fim de todas as coisas. Amor, honra, violência, fúria, ódio, inveja, vingança... morte
Kang-do: Vingança?
Mi-Son: Vingança!

Nota: 8,5/10




Trailer:

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