Por João Inácio
Twixt é um filme estranho, dirigido por ninguém menos que o veterano, adorado pela maioria absoluta dos cinéfilos, Francis Ford Coppola. O filme sofreu varias críticas sendo apontado por muitos como o mais fraco de sua carreira.
Focando sua
estória em um escritor em crise (Val Kilmer), chega a um pequeno povoado e se vê
envolvido no misterioso assassinato de uma jovem, e vai se envolvendo em uma
trama de investigação que muito tem haver com sua literatura e a de Edgar Alan
Poe. O primeiro elemento que salta e se destaca na tela é o desleixo técnico mas talvez o que o filme tem
de mais interessante venha desse fator, com uma direção de arte limitada,
enquadramentos duvidosos e split-screens malfeitos sempre que surge um personagem vai falar ao telefone. Existem aqueles que acreditam que o
diretor simplesmente desaprendeu como dirigir um filme, sendo isso verdade ou
não, o que importa é que o filme tem de mais legítimo vem desse
fator, criando um atmosfera de filme B vagabundo que beneficia muito a estória
que esta sendo contada; a técnica rudimentar ainda rende uma contradição interessante
quando comparamos esse com os filmes mais recentes de um outro diretor veterano
da mesma geração de Coppola: Martin Scorsese, o diretor de Taxi Driver (idem, 1976) em seus
filme mais recentes vem empregado um aspecto técnico tão castos que beiram um virtuosismo
barroco que serve mais para impressionar facilmente do que para acrescentar
algo ao filme. Por esse óptica, Twixt me parece bem mais honesto que os últimos filmes
do Scorsa.
Falando
em Scorsese, é notável que Twixt tem muito em comum com Ilha do Medo (Shutter
Island, 2010), tirando a
já citada técnica exagerada, a principal força motriz de Ilha são
os ecos dos filmes Polícias B década de 40 e 50 que o filme chupava. Em Twixt,
Coppola tenta tirar a força de seu filme de referências a literatura de Edgar
Allan Poe, mas onde Scorsese foi bem sucedido FFC não consegue ter o mesmo êxito,
já que Twixt nunca ultrapassa a homenagens, ainda que digna e interessante,
a Poe, o filme depende da força da literatura e das influências literárias para
que tenha vida. Sua vitalidade depende da obra de outro.
Outro
fator que pesa para que julguemos Twixt como um filme estranho é a escolha do ator
Val Kilmer como protagonista. Carismático, mas limitado como intérprete, Kilmer
esbanja canastrice, algo que gera um saldo nas cenas cômicas onde o filme apela
para o humor negro e que ressalta o fato do filme não levar a sério, mas
compromete totalmente a parte dramática do filme, tirando qualquer impacto que
essa possa ter. Parece
que Coppola acredita mesmo na força da sub-trama do personagem de Kilmer e sua
esposa, mas essa é provavelmente a parte menos interessante do filme.
No fim
parece que as maiores qualidades da película são as curiosidades. Twixt pode não
ser um filme ruim, mas não é exatamente bom.
Nota: 6,0/10,0
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