Por Wendell Marcel
"A magia do picadeiro mostrada pelas mãos de um espetaculoso cineasta".
Conhecido por seus filmes épicos e religiosos, Cecil B. DeMille (The Ten Commandments, 1956 e Samson and Dalilah, 1949) convidou os espectadores para conhecer o mundo do circo. Mostrando não só a
magia e os espetáculos diários que o mundo circense oferece às crianças e
adultos, o longa de 2h 30min quer mostrar também a face dramática das relações
entre os profissionais que fazem tudo acontecer, as dificuldades que cercam
levantar uma lona gigantesca, mas para toda uma cultura de pessoas que vivem e
sobrevivem de seus números e de suas fantasias. Um outro mundo; vários mundos
como DeMille quer mostrar.
Dois mundos por
que em O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth) os palhaços, os trapezistas e as 1.300
pessoas que fazem o espetáculo se vestem não só com fantasias, mas
com uma realidade só deles, que ninguém pode tirar. Acontece da seguinte forma:
Brad (Charlton Heston) é o cara que comanda o circo (do título); ele enamora Holly (Betty Hutton), a trapezista
que desde pequena sonha em ter o picadeiro central, mas que lhe é roubado por
Sebastian (Cornel Wilde), um dos famosos e cínicos trapezistas, contratado para o circo.
Claro, Sebastian não sabe que tomou o picadeiro central de Holly, e começa a
paquerá-la, conquistando o seu coração. Nesse meio tempo, "O maior
espetáculo da terra" finca a sua lona em diversos locais do país, alegrando as
crianças e apaixonando o público com toda a magia do circo.
O filme concentra parte do enredo nos problemas que cercam a administração
do espetáculo. A corrupção que alguns empresários querem pôr sobre Brad, o qual expulsa-os das redondezas do circo, para não "infectarem os outros,
como uma maça podre". A traição de um dos domadores dos elefantes,
querendo vingança pela traição de sua namorada, a Angel, apaixonada por Brad.
As dificuldades econômicas, estruturais e normais que qualquer empresa com
1.300 participantes têm. No fim da temporada dos espetáculos, todo o circo
levanta acampamento da cidade e recomeça a odisseia atrás de outras
localidades.
Visivelmente o
filme é grandioso: a direção de arte bem trabalhada, a trilha sonora divertida, a
produção impecável e a fotografia belíssima. A montagem, contudo, poderia ter deixado de fora cenas inúteis, tirando assim 30min
desnecessários da película final. Ainda que os figurantes não colaborem tanto
(durante o espetáculo, podemos ver alguns atores nem mesmo prestando atenção no
que está sendo encenado no picadeiro; nem ri, nem choram), a história em si e a
forma como é levada é muito interessante. DeMille não cria, apenas apresenta.
Por isso o conservadorismo de filmar do diretor poderá incomodar alguns
espectadores, esperando movimentos de câmera espetaculares e ângulos inovadores.
Um dos personagens
que aparecem e de repente somem de uma hora pra outra nas cenas é o de Buttons (James Stewart), o
palhaço. Estranhamente, ele matou a própria namorada e fugiu para o circo, afim
de se esconder da polícia. No entanto, sua ligação com os enredos
principais ou com a possibilidade de criar um secundário, não dá em nada. Ele,
no fim, na sequência final do filme, não significa muita coisa e o clímax
premeditado antes, não tem importância quanto a reviravolta do circo.
O perfil mais
interessante é o de Brad. Másculo, controlador, disciplinador, mas mesmo assim
gentil e boa-pessoa, é um dos poucos personagens que tem presença em cena. Diferente
da interesseira e antipática Holly, que vai de um namorico para outro, tornando-se
instável, e não no bom sentido. Sebastian é um personagem insosso, ainda que
tenha sido escrito para parecer (ou aparentar) diferente disso.
Definitivamente, O Maior Espetáculo da Terra não foi feito para levantar
grandes discussões sobre as atuações dos atores.
Alguns críticos dizem ser o pior vencedor do Oscar de todos os tempos. Eu não
vou tão longe assim, vide o mais-que-recente Crash - No Limite (Crash, 2004) e O Discurso do
Rei (The King's Speech, 2010).
O bom e mais
espetacular dos lindos e coloridos quadros nessa obra gigantesca e
proporcionais a um grande diretor, é não ser cansativa, como muitos predizem.
Afinal, é um espetáculo. Aliás, é um documento histórico dos circos, que
antigamente traziam mais alegria às pessoas. Vai ver toda essa emoção tenha
influenciado criativamente um dos maiores diretores da atualidade, Steven
Spielberg, sendo esse o primeiro filme que ele viu nos cinemas.
Nota: 7.0/10.0
Oi Wendell. Parabéns pelo Post e pelo texto!
ResponderExcluirGosto muito desse filme pois de fato também gosto muito de circo, embora atualmente os grandes circos tem se concentrando mais nos grandes centros, durante minha infância tive o privilégio de ir em alguns aqui na minha cidade!
Estou seguindo o seu blog a partir de hoje!
Obrigado por suas visitas e seus comentários ok!
Abração
Obrigado pela visita, Jefferson!
ExcluirO seu blog, O Cinema Antigo, tb estamos seguindo.
Abraços cinéfilos!