Por João Inácio
Vive L'Amour (idem, 1994) é o filme que rendeu ao diretor Twain Ming-liang Tsai o Leão de Ouro em Veneza, uma das premiações mais importantes de sua carreira. Drama Bressoinano em que a solidão e falta de comunicação são retratadas com um rigor estético impressionante e pelo virtuosismo, mas que não se resume a isso se aplicando como um luva ao filme, e criando uma beleza ímpar.
Vive L'Amour (idem, 1994) é o filme que rendeu ao diretor Twain Ming-liang Tsai o Leão de Ouro em Veneza, uma das premiações mais importantes de sua carreira. Drama Bressoinano em que a solidão e falta de comunicação são retratadas com um rigor estético impressionante e pelo virtuosismo, mas que não se resume a isso se aplicando como um luva ao filme, e criando uma beleza ímpar.
Assim como o diretor francês Robert Bresson, Tsai reduz
os diálogos e a trama ao mínimo e tem uma queda por tomadas longas e
elaboradas. Mas longe de ser apenas um emulador do estilo de outro cineasta; aqui a forma escolhida pelo diretor é a mais adequada para imergir o espectador
no universo de seus personagens, o ritmo lento e as elipses não estão lá por um
mero capricho estético mas porque esse parece ser o ritmo da vida e das emoções e o diretor quer que compartilhemos desses atributos, e abraçar o universo dos personagens, essencial para o sucesso do filme, já que o diretor não exita em mostra os hábitos mais pessoais e íntimos deles, sempre de maneira carinhosa.
É notável que Tsai faz questão de colocar seus personagens
nas margens dos quadros, destacando assim a solidão desses, mas é grandioso também que
diferente de Bresson, o filme se diferencia pela presença de um humor
sutil mais preciso, fazendo com que ganhe um dimensão mais balanceada
entre o pessimismo e a esperança. Ao filmar um suicídio de um personagem, o
diretor mantém a câmera afastada e o
silêncio enquanto observamos esse tentar e hesitar diversas vezes dando a cena um tom cômico e ao mesmo tempo melancólico. A câmera só se aproxima quando o personagem decide e faz isso em um corte abrupto,
o silêncio é interrompido pelo som das batidas de um coração.
Essa presença de humor sutil ainda é responsável por
diferenciar o cinema do Ming-liang Tsai de outro diretor asiático com estilo próximo
ao dele, Kar Wai Wong, ainda que esse tenha um gosto pelo melodrama, e notável
que ambos têm em comum um sabor por retratar o sentimento de seus personagens através
do modo impressionista que reflete muito na direção de arte e na fotografia de
seus filmes. Em Vive L'Amour o estado emocional do trio principal esta refletido na tela, nas cores sóbrias e nos espaços filmados pelo diretor.
Nota: 10,0/10,0
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