terça-feira, março 12

Crítica: Killer Joe - Matador de Aluguel (2011)


Por Maurício Owada

"William Friedkin volta a boa forma com um filme
maravilhosamente repulsivo"

Há anos estamos acostumados com um mundo banalizado pela imoralidade e pela violência, mas só sentimos o choque quando experimentamos ou presenciamos; sem querer apelar para o típico moralismo pré-apocalíptico, tanto esta crítica como o filme Killer Joe mostram um mundo de uma brutalidade estranhamente normal, já mostrado nos primeiros minutos quando são apresentados os personagens, aqui, uma família decadente da fronteira do Texas, que vive em um trailer, cujo único membro que possui um resquício de inocência é Dottie, interpretada por Juno Temple.

Ao estar sendo perseguido por traficantes, Chris (Emile Hirsch) propõe que mate sua própria mãe para conseguir a apólice do seguro dela, e junto com sua família, contrata um policial que faz "bicos" por fora chamado Joe Cooper (Matthew McConaughey), para fazer o serviço sujo, mas por problemas no pagamento, ele precisa de uma garantia caso não conseguissem o dinheiro e eles lhe oferecem Dottie, irmã mais nova de Chris, por uma noite juntos.

Tracy Letts, roteirista que transpõe para a tela a peça que escreveu anos atrás, constrói um enredo que segue a linha do neo-noir (lembrando que o preto e branco não é tão importante neste estilo revisionado), através de personagens totalmente ambíguos e imprevisíveis, ao mesmo tempo que faz de uma pequena cidade do Texas seu cenário sombrio.

William Friedkin é polêmico, mas tem uma direção segura e sabe chocar quando necessário, nada soa gratuito, mesmo com o alto nível de violência presente nas cenas. Assim como fez em Operação França e O Exorcista, ele nos leva ao lugar mais putrefato de tudo que é retratado em Killer Joe e cria um clima perturbador e um humor negro absurdo. A cena da coxa de frango ficará marcado na sua mente por um bom tempo seja pela repulsa que a cena causa, seja pelo longo tempo da cena que é dedicada.

Matthew McConaughey surpreende no papel do elegante assassino Joe Cooper, a imagem do bom moço do ator desconstrói nas explosões de violência e sua psicopatia assusta quem assiste, mesmo sendo o grande destaque, o filme dá espaço aos outros atores - Juno Temple confunde inocência e libido em uma personagem emocionalmente instável e Emile Hirsch faz o típico cara que se mete em encrencas mas que possui uma certa afeição pela sua irmã, Thomas Haden Church dá vida ao típico caipira ignorante e Gina Gershon faz uma mulher infiel, vulgar e oportunista.

Killer Joe - Matador de Aluguel vai mexer forte com sua noção de violência; repulsivo e de um humor negro doentio, William Friedkin cria uma aura sombria e pesada, surpreendendo a todos em seu terceiro ato, é o típico que você ama ou odeia, mostrando a decadência que ronda aquelas pessoas da fronteira do Texas com Oklahoma.

Nota: 9,5/10




Trailer:

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