Por Maurício Owada
"A expansão do homem pela arte"
Como a arte nos afeta? É como o filme de Paolo e Vittorio Taviani retrata sobre um grupo de detentos da prisão de segurança máxima Rebibbia que fica aos arredores de Roma, que são escalados para uma oficina de teatro em que encenarão uma das clássicas peças de William Shakespeare: Júlio César. A partir daí, realidade e ficção se confundem dentro dos ensaios, assim como os diretores confundem documentários com ficção.
Os atores são realmente detentos e interpretam a si mesmos, mas quase todo o longa se passa pelos ensaios do texto do dramaturgo inglês, e o que se vê é a peça sendo encenada dentro da prisão. Com uma fotografia preto e branco, o contexto histórico que a obra de Shakespeare retrata se confunde com a situação daqueles detentos dentro da prisão. Em alguns momentos, falas de alguns detentos podem figurar tanto na realidade como também não nos define se faz parte do roteiro.
O experimentalismo dos diretores é absurda, muito mais comum em cineastas jovens e iniciantes, os octogenários, que em conjunto com Fabio Cavalli - diretor de teatro - parecem documentar todo aquele processo de escolha de elenco e preparação, mas a câmera próxima ao rosto e interativa a cena refuta tudo isso.
O interessante na obra é como o roteiro faz o drama da peça ser o drama pessoal de cada detento ali, que carregam sentenças por assassinato, tráfico de drogas e crime organizado, como os personagens da peça teatral, que conspiram pelas costas do tirano romano e perdem a distinção de honra e imoralidade, a ambiguidade do homem em questão aos seus atos, no qual no fim, todos pagam por isso.
César Deve Morrer é um excelente trabalho de dois irmãos de um extenso currículo de obras premiadas em festival, principalmente este em questão, que levou o Urso de Ouro em Berlim, onde mostra que a arte abre nossos poros e neurônios, nos faz respirar novas ideias e nos mexe de tal forma que mesmo um mundo onde tudo é cinza se torna colorido.
Nota: 9/10
Trailer:
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