terça-feira, janeiro 13

O Desafio dos 365 Filmes em Um Ano - 2ª Semana

Por Maurício Owada

Na segunda semana, não foi bem sucedida o trabalho de assistir um filme por dia ou pelo menos, sete filmes em sete dias.

Isso será recompensado na próxima semana

#5 - Brother - A Máfia Japonesa Yakuza em Los Angeles (2000) - Brother

Nota: 6/10

Direção: Takeshi Kitano

Com uma narrativa meio problemática ou estranha, a estória de Aniki (Kitano) que, após o massacre de sua família no Japão, decide visitar seu irmão nos EUA, começando por lá uma nova família de Yakuzas. Além da violência estilizada, toda ela é trabalhada pelo cineasta com um incrível esmero, mas seu roteiro perde o interesse da metade para o final e a direção de atores é confusa, havendo um desequilíbrio nas atuações, deixando os atores japoneses mais verossímeis, enquanto os americanos soam tremendamente estereotipados com diálogos repetitivos.

#6 - Doméstica (2012) - Doméstica

Nota: 9,5/10

Direção: Gabriel Mascaro

O documentário é revestido pela relação de empregado/patrão a partir do olhar de sete adolescentes sobre a vida e o convívio com as empregadas domésticas, cada um com uma realidade diferente, o que trás para o documentário uma tridimensionalidade incrível, nos faz conhecer estórias de vida que passaram por sofrimentos e alegrias. O que talvez problematiza é o fato dos jovens não terem os créditos como diretores, pois já que cada câmera tem um "olhar autoral", principalmente do último, que passeia a câmera no álbum de fotos da mãe e da empregada quando crianças ao som de Bob Dylan e uma tentativa de entrevista com a empregada sobre sua relação com a patroa, tentando descobrir quais fatores sociais há por trás daquele vínculo.

#7 - O Predestinado (2014) - Predestination

Nota: 8/10

Direção: Michael e Peter Spierig

Uma cobra comendo o próprio rabo. O que vem primeiro? O ovo ou a galinha? Talvez você já mate o filme nos primeiros minutos, mas a nuvem se torna mais densa e os propósitos de seus personagens cada vez mais nebulosos. Inspirado num conto de uma lenda da ficção-científica, Robert A. Heinlein, este filme é o exemplo perfeito de uma trama intrigante e cheio de surpresas contado de forma refinada e fica anos luz a frente de qualquer trama escrita por Christopher Nolan, apesar do filme não ter a mesma elaboração visual do diretor, mas sua direção de arte reproduz um futurismo misturado com um ar retrô. O Predestinado é daqueles que ficará dias matutando, tentando relembrar cada parte da trama para montar a peça que se monta novamente e novamente... e novamente... e novamente... E Ethan Hawke arrebenta, mas quem brilha é Sarah Snook.

#8 - Não Matarás (1988) - Krotki Film O Zubijaniu

Nota: 10/10

Direção: Krzysztof Kieslowski

Retirado de um dos episódios de uma série de 10 filmes feitos para a TV polonesa, conhecida como Decálogo, reconhecido pela crítica. O quinto mandamento de uma hora adquire mais 20 minutos (como não vi o corte da TV, não poderei fazer comparações), mas se vê em seus últimos momentos na fase polonesa, o estilo de Kieslowski filmar, tudo acontece devagar, objetos de cena e momentos aparentemente comuns adquirem uma simbologia forte na construção de seus personagens, além da reflexão do próprio fato de matar, aonde um jovem mata um taxista friamente e o Estado mata o condenado friamente. Um tipo de ciclo vicioso alimentado por uma sociedade acinzentada, com um céu amarelado e morto, como um cadáver em decomposição. O trabalho de luzes e sombra do cineasta atinge uma poética verdadeira de um mundo melancólico aonde a existência da vida é lidada por valores impregnados pela sociedade.

#9 - Whiplash - Em Busca da Perfeição (2014) - Whiplash ~~(Maratona de Premiações)

Nota: 9,5/10

Direção: Damien Chazelle

Jazz, sangue e suor se combinam num embate de Andrew (Miles Teller, descomunal) em se tornar um dos melhores bateristas do mundo, se inspirando nos grandes nome do jazz, vivendo sob a tutela de um rígido e pouco ortodoxo professor e condutor, Fletcher, vivido com monstruosidade por J.K. Simmons (um veterano que finalmente tem uma certa indicação ao Oscar e uma possível premiação). Ambos os atores estão em um nível de entrega tremendamente alto e Teller ignorado nesta temporada é uma afronta ao talento prodígio. Uma direção incrível e uma montagem rítmica e enérgica levam o frenesi de um solo de bateria ao ápice da catarse em seu final, com um virtuosismo técnico que se mantém camuflado diante das atuações e do roteiro bem desenvolvido. Damien surge como um novo cineasta, jovem ainda e que tem muito a oferecer para o cinema.

#10 - The Babadook (2014) - The Babadook

Nota: 8/10

Direção: Jennifer Kent

Terror excepcional numa época aonde é valorizado apenas a violência gráfica e os sustos fáceis, mas a diretora estreante bebe da fonte de Kubrick, tendo Essie Davis encarnando uma versão de Jack Nicholson em O Iluminado, além de outras referências. Jennifer preza o trabalho com os atores, aonde a atriz Essie e o garoto Noah Wiseman nos puxam para o pesadelo sobrenatural/psicológico que eles enfrentam. Com o acerto de não explicar a criatura-título, a trama embarga no melhor do terror, evitando os pulos da cadeira pra deixar o espectador grudado na poltrona, a transformação psicológica sugerida pela imagem do que mostrar o sangue arreganhado, espirrando na cara do espectador. Um terror psicológico de alta qualidade, que não é original, mas que brilha pela excelente condução.


2 comentários:

  1. Assistir um filme por dia é muito complicado. Eu tento, mas é quase impossível, as vezes surgem situações que impossibilitam atingir esta meta.

    Da sua lista da semana eu assisti o ótimo "Não Matarás" e o curioso "Brother", que une o violento e exagerado estilo dos traficantes americanos com o rígido código dos japoneses da Yakuza.

    Abraço

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    1. Pois é, meu caro, eu tenho que lidar com serviço e visitas de parentes em casa, que impossibilitam a minha livre disponibilidade de tempo e espaço para ver um filme sossegado, além de que o sono pega as vezes e não é proveitoso assistir com os olhos quase pregando

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