Por Maurício Owada
"Seguindo a reinvenção de um universo atravessando novas fronteiras"
J.J. Abrams e a série Jornada nas Estrelas coincidem em seu
histórico: iniciaram um sucesso particular na TV e foram para o cinema, onde se
consagraram de vez. J.J. Abrams fez séries de sucesso como Alias e Lost e dirigiu
Missão: Impossível III (Mission: Impossible III, 2006). Jornada nas Estrelas foi
criado por Gene Roddenberry e a série não só se tornou um sucesso apenas por se
passar no espaço e vários planetas, mas também pelas suas mensagens e pela sua
ousadia: o primeiro programa de TV nos EUA com um elenco multiétnico e o
primeiro beijo inter-racial. Enfim, a franquia foi um grande impacto cultural.
Porém, a franquia andava meio morta (a série Enterprise e os
últimos filmes foram um fracasso de público e crítica) e não se havia grande
interesse do público a não ser pelos trekkers, mas J.J. Abrams assumiu o
comando, obteve liberdade criativa e ressuscitou Jornada nas Estrelas das
cinzas, firmando como uma franquia em potencial que internacionalizou o seu
título original: Star Trek (idem, 2009). O reboot fez o que poucos
conseguiriam: agradar aos fãs antigos e despertar o interesse dos novatos até
pela série original e os filmes estrelados pela primeira tripulação liderada
pelo Capitão James Tiberius Kirk. A genialidade encontrada para dar caminho ao
reboot não só deu liberdade para a franquia seguir um novo rumo tanto quanto se
conecta com a linha cronológica clássica (da Série Clássica à A Nova Geração,
juntamente com os spin-offs Deep Space Nine, Voyager e Enterprise).
Quando foi anunciado uma continuação, J.J. Abrams afirmou que o
filme teria o tom de O Império Contra-Ataca para Star Wars e isso se
confirma na tela; além da trama ser mais sombria e mostrar a Frota Estelar
destroçada (não é nenhum spoiler, o pôster e o trailer deixam isso bem claro), os
personagens são levados a outro nível e pega muito mais a essência da franquia
ao todo, aproveitando para fazer um panorama do cenário mundial atual - a
relação dos EUA com as outras nações, o poderio bélico e seu uso e até mesmo o
terrorismo -, a trama possui toda uma complexidade moral (não moralista) onde as
escolhas dos personagens são baseadas em motivações e ideais, desde a mais
nobre até a mais deturpada.
Os roteiristas Alex Kurtzman, Roberto Orci e Damon Lindelof
misturam uma boa estrutura de um filme pipoca com personagens bem
desenvolvidos, e a amizade entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) é
mais estudada e atinge um nível que os fãs veteranos já conhecem, e trabalham
os momentos de desequilíbrio emocional do personagem Vulcano tão típico devido
a seu sangue meio-humano, que rende um dos melhores diálogos do filme em
relação à morte. Benedict Cumberbatch traz um excelente vilão com uma força,
sede de vingança e fúria maior que a do romulano Nero do filme anterior,
tornando-o em um inimigo mais forte e perigoso. Há também a participação
especial de Peter Weller, o eterno Robocop, no papel de um oficial da Frota de
caráter duvidoso.
As cenas de ação são dinâmicas e ajudam a prender o
espectador na cadeira, com sequências especialmente produzidas pela
computação gráfica que é usada de forma inteligente, ao mesmo tempo para um filme mais sério. Ainda, tem seus momentos de alívio cômico que tiram a
tensão criada, sem sabotar a história e fazer com que perca o foco do conflito.
Assim, como em um universo com toda uma mitologia, Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness) expande o novo universo e nos é apresentado novamente os Klingons, raça que
possui um grande império estelar e inimigos da Federação. Mas talvez o ápice, a
cereja do bolo, tenha sido a cena que é particularmente comovente e nos remete
ao filme mais aclamado de toda a série (os mais velhos entenderão).
J.J. Abrams segue com uma direção excelente e mantém Star
Trek no caminho certo, manteve sua essência e aprendeu com a série e seguiu a
filosofia ensinada desde o início ao quebrar um dos paradigmas da cultura nerd quando foi
contratado na direção de Star Wars: Episódio VII. Pois se a criação de Gene
Roddenberry quebrou tabus da sociedade e da própria televisão, nada mais
justo do que um diretor conciliar sua carreira entre duas franquias cuja
relação foram marcadas pela rivalidade, pois se a Federação Unida e o Império Klingon
fizeram um Tratado de Paz, porque fãs de Star Trek e Star Wars não podem andar
de mãos juntas?
Nota: 8,5/10,0
Trailer:
Também gostei muito do filme.
ResponderExcluirTipo de filme de ação bom, interessante e que respeita o bom gosto dos cinéfilos.
É tudo muito bem contado e encenado.
J.J. não é uma promessa, é uma certeza!
O cinema necessita de mais aventuras como estas, bem equilibradas e que respeitem a inteligência do público. De fato, Abrams já não é mais uma promessa, é uma realidade!
ResponderExcluirDesde o longa de 2009 já confiei nele, e confio que ele faça algo realmente bom e novo, e provavelmente com um pouco de nostalgia, em Star Wars VII
ResponderExcluirJ. J parece que não decepciona... adorei o primeiro...ainda veremos esse..
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