sábado, julho 7

Crítica: Cães de Aluguel (1992)



Há muitos dizem que seu melhor filme é Pulp Fiction (1994), outros dizem que seu melhor trabalho é Kill Bill - vol 1 e 2 (respectivamente, 2003 e 2004), apesar de seu filme mais popular ter fisgado corações de jovens que estavam conhecendo ainda o cinema, e outros falam que À Prova de Morte (2007) ser o seu filme mais "ele" mesmo, mas acho que seu melhor e mais característico filme é Cães de Aluguel. Por quê? Porque ele tem tudo que definiu Quentin Tarantino como um cineasta único e as características dos seus trabalhos posteriores. 


É claro que Tarantino tornou seus "fetiches" e seu jeito de contar histórias mais bem elaborado em Pulp Fiction, mas o que torna Cães de Aluguel mais original que a sua obra-prima de 1994 é o fato que tudo é feito sem preocupação nestas características que o definiria, como as conversas informais, a violência exagerada, o humor negro, a trilha sonora e o famoso take do ponto de vista do porta mala que coloca os personagens em vista da câmera como uma verdadeira ameaça.

É incrível saber que o diretor não tinha estudo de cinema e nem sequer experiência com atores conhecidos como Harvey Keitel, e ter uma excelente direção de atores, em que o texto cheio de diálogos "inúteis" ajuda os atores a ter uma atuação natural como na cena inicial em que eles discutem sobre o significado da música Like a Virgin, de Madonna enquanto tomam café, nos apresentando cada personagem e seus perfis. 
Após o tema de abertura com Little Green Bag, de George Baker com a imagem da gangue de assaltantes andando em câmera lenta, somos levados a uma situação contrastante, com um membro da gangue ensanguentado com um tiro no abdomen, e descobrimos que algo de deu muito errado, existe um traidor, um "dedo-duro", e eles precisam descobrir, mas a polícia está atrás deles, ou seja, estão numa baita enrrascada, iniciando uma paranóia entre eles, desconfiando um do outro, começando a brigarem um com o outro, escondidos num armazém, filmado e conduzido de um jeito diferente, com um certo humor negro próprio de Tarantino, em uma situação que não tem nada de hilário.

O roteiro intercala entre as cenas dentro do armazém, e os flashbacks que clareiam mais a história, e mesmo no meio do filme em que o traidor é revelado, Tarantino não perde a mão em sua obra, e mesmo assim, torna o final impressionante para quem assiste, até mesmo aqueles familiarizados com a filmografia do cineasta que trouxe um cinema cheio de referências retrô anos 70/80.

Cães de Aluguel era um filme ousado, mas descompromissado, com um cinema tarantinesco ainda fresco, que  traria bastante prazer aos cinéfilos em seus trabalhos posteriores, mas nunca o mesmo espírito jovem e original desta exemplar obra em que suas qualidades não tinham sido aprendidas numa universidade acadêmica, mas de uma locadora de filmes em que foi balconista.

Avaliação: 9,5/10,0



4 comentários:

  1. Bem citado, este é o filme mais descompromissado de Tarantino, que lembra muito o estilo principalmente dos dramas policiais dos anos setenta.

    Na época assisti a pré-estréia no cinema e tive uma ótima surpresa. Apesar das boas críticas que vinham de fora, poucos esperavam um filme tão marcante de um diretor iniciante.

    Abraço

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  2. Acho esse filme incrível em todos os sentidos!

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  3. Não digo que seja o melhor e nem o pior do Tarantino, mas é uma das obras-primas do mestre, genialmente conduzida. E depois desse filme, comecei a ver (no caso, ouvir) Like a Virgin sobre outra perspectiva, rs.

    http://planocritico.ne10.uol.com.br/

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  4. É muito bom, Cães de Aluguel é o meu favorito Certamente este filme é catapultada para a fama pelo renomado diretor, como os críticos aplaudiram e até mesmo seus dias é considerado um filme de culto, no entanto nas bilheterias não ele estava certo. Dois itens que caracterizam muito é a participação de Steve Buscemi e, claro, o diálogo banal, em que os personagens masculinos estão engajados. Great!

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