sexta-feira, julho 20

Crítica: Boogie Nights: Prazer Sem Limites (1997)


Por Kaio Feliphe

"Quando Paul Thomas Anderson mostrou a que veio."

Apesar da carreira curta (24 anos desde seu primeiro trabalho, o curta-metragem The Dirk Diggler Story, e apenas 16 anos desde seu primeiro longa, Jogada De Risco (Hard Eight, 1996)) e de poucos trabalhos (apenas cinco longas), o diretor e roteirista americano Paul Thomas Anderson é um dos mais prestigiados e brilhantes cineastas que surgiram na última década. Filmes como Magnólia (Magnolia, 1999) e Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007) consagraram-no perante os críticos e o público, mas o grande “boom” de sua filmografia foi o filme de 1997: Boogie Nights: Prazer Sem Limites.

A história gira em torno do jovem Eddie Adams (Mark Wahlberg), adolescente de 17 anos com problemas com sua mãe que encontra o prestigiado diretor do ramo pornográfico Jack Horner (Burt Reynolds). Jack o convence a trabalhar com ele e o transforma em Dirk Diggler, estrela pornô que ganha vários prêmios e dinheiro. Mas com o tempo, Eddie percebe que todo aquele glamour era passageiro e extremamente perigoso.

Anderson foi ousado ao escolher esse tema para abordar. Nas mãos erradas, esse filme se tornaria fatalmente vulgar e cheios de estereótipos, mas PTA mostrou que era capaz de conduzir temas complexos com maestria. A narrativa adotada por ele é o grande destaque da obra, enaltecendo o luxo e o brilho dessa vida, iludindo o personagem principal e, com o tempo, vai desconstruindo pouco a pouco e mostrando os perigos contidos naquele cenário. Essa desconstrução é muito bem feita, graças aos complexos coadjuvantes que são de suma importância para toda a trama, engrandecidos pelo belo trabalho realizado por todo elenco, com um destaque um pouquinho maior para Julianne Moore, que incorpora uma perturbada atriz que, ao não conseguir se encontrar com o seu filho, “adota” Eddie, se sentindo como uma mãe para ele.

O diretor também realizou um trabalho sublime na direção, conduzindo com calma toda a abrangente história, mostrando pouco a pouco cada personagem e o seu propósito no todo. Por isso, a metragem relativamente longa, pouco mais de 2 horas e meia de duração, é altamente apropriada. Até o “material” de Eddie tem o seu devido destaque. Perceba que PTA usa um plano mais baixo em algumas cenas com Eddie, focando a atenção no “grande astro” do filme, acima de tudo na cena final (que até lembra um pouco o final de Touro Indomável (Raging Bull, 1980)). Além disso, Paul Thomas Anderson também utiliza várias técnicas de filmagem para ajudar na narrativa. Longos e lindos planos-sequência, metalinguagem, edição alternando entre duas partes diferentes da história, câmera acompanhando personagens pelo cenário... enfim.

Paul Thomas Anderson realmente mostrou a que veio com Boogie Nights, um filme que reúne suas grandes características e que enaltece toda a sua capacidade como diretor e roteirista. Anos depois, ainda faria outros grandes filmes e chegaria ao seu ápice (pelo menos por enquanto) em seu próximo trabalho, mas o filme que realmente mostrou que PTA é um diretor talentosíssimo e visionário foi Boogie Nights. Um filme que você dificilmente irá esquecer tão cedo. Marcante.

Avaliação: 8/10




Trailer:

3 comentários:

  1. Não é meu favorito do Anderson, mas ainda o acho um puta filme. Grande roteiro, elenco e direção.

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Assisti no InterCine há vários anos atrás, e me lembro de ter gostado bastante, apesar de minha pouca idade.
    Como Rafael comentou, grande elenco, grande diretor e um filme que abre-portas para Paul Thomas Anderson!

    ResponderExcluir
  3. É um filmaço, com um roteiro que retrata com perfeição uma época (final dos anos setenta, auge do cinema pornô e da disco).

    PT Anderson sendo é um dos grandes cineastas dos últimos anos.

    Abraço

    ResponderExcluir

Aqui é o seu espaço, pode deixar seu comentário, sugestão ou crítica que logo iremos respondê-lo!