Por Kaio Feliphe
"Quando Paul Thomas Anderson mostrou a que veio."
Apesar da carreira curta (24 anos desde seu primeiro
trabalho, o curta-metragem The Dirk Diggler
Story, e apenas 16 anos desde seu primeiro longa, Jogada De Risco (Hard Eight, 1996)) e de poucos trabalhos (apenas cinco longas), o
diretor e roteirista americano Paul Thomas Anderson é um dos mais prestigiados
e brilhantes cineastas que surgiram na última década. Filmes como Magnólia (Magnolia, 1999) e Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007) consagraram-no perante os críticos e o público, mas o
grande “boom” de sua filmografia foi o filme de 1997: Boogie Nights: Prazer Sem Limites.
A história gira em torno do jovem Eddie Adams (Mark Wahlberg),
adolescente de 17 anos com problemas com sua mãe que encontra o prestigiado
diretor do ramo pornográfico Jack Horner (Burt Reynolds). Jack o convence a
trabalhar com ele e o transforma em Dirk Diggler, estrela pornô que ganha
vários prêmios e dinheiro. Mas com o tempo, Eddie percebe que todo aquele
glamour era passageiro e extremamente perigoso.
Anderson foi ousado ao escolher esse tema para abordar. Nas
mãos erradas, esse filme se tornaria fatalmente vulgar e cheios de estereótipos,
mas PTA mostrou que era capaz de conduzir temas complexos com maestria. A
narrativa adotada por ele é o grande destaque da obra, enaltecendo o luxo e o
brilho dessa vida, iludindo o personagem principal e, com o tempo, vai
desconstruindo pouco a pouco e mostrando os perigos contidos naquele cenário.
Essa desconstrução é muito bem feita, graças aos complexos coadjuvantes que são
de suma importância para toda a trama, engrandecidos pelo belo trabalho
realizado por todo elenco, com um destaque um pouquinho maior para Julianne
Moore, que incorpora uma perturbada atriz que, ao não conseguir se encontrar
com o seu filho, “adota” Eddie, se sentindo como uma mãe para ele.
O diretor também realizou um trabalho sublime na direção, conduzindo
com calma toda a abrangente história, mostrando pouco a pouco cada personagem e
o seu propósito no todo. Por isso, a metragem relativamente longa, pouco mais
de 2 horas e meia de duração, é altamente apropriada. Até o “material” de Eddie
tem o seu devido destaque. Perceba que PTA usa um plano mais baixo em algumas cenas
com Eddie, focando a atenção no “grande astro” do filme, acima de tudo na cena
final (que até lembra um pouco o final de Touro
Indomável (Raging Bull, 1980)). Além disso, Paul Thomas Anderson também utiliza várias técnicas
de filmagem para ajudar na narrativa. Longos e lindos planos-sequência,
metalinguagem, edição alternando entre duas partes diferentes da história,
câmera acompanhando personagens pelo cenário... enfim.
Paul Thomas Anderson realmente mostrou a que veio com Boogie Nights, um filme que reúne suas grandes
características e que enaltece toda a sua capacidade como diretor e roteirista.
Anos depois, ainda faria outros grandes filmes e chegaria ao seu ápice (pelo
menos por enquanto) em seu próximo trabalho, mas o filme que realmente mostrou que
PTA é um diretor talentosíssimo e visionário foi Boogie Nights. Um filme que você dificilmente irá esquecer tão
cedo. Marcante.
Avaliação: 8/10
Não é meu favorito do Anderson, mas ainda o acho um puta filme. Grande roteiro, elenco e direção.
ResponderExcluirhttp://avozdocinefilo.blogspot.com.br/
Assisti no InterCine há vários anos atrás, e me lembro de ter gostado bastante, apesar de minha pouca idade.
ResponderExcluirComo Rafael comentou, grande elenco, grande diretor e um filme que abre-portas para Paul Thomas Anderson!
É um filmaço, com um roteiro que retrata com perfeição uma época (final dos anos setenta, auge do cinema pornô e da disco).
ResponderExcluirPT Anderson sendo é um dos grandes cineastas dos últimos anos.
Abraço