quarta-feira, maio 16

Crítica: Xingu (2012)


Ao entrar no cinema para ver um filme como “Xingu”, o espectador provavelmente deseja, entra outras coisas, conhecer a historia do parque de preservação indígena do Xingu e seus principais idealizadores os Irmãos Villas-Bôas.

Eu pessoalmente entrei no cinema “virgem”, o que eu sabia sobre o parque do Xingu não era mais do que o dito sobre o tal parque no início desse texto, começando do zero, é difícil ter um senso critico muito apurado do que é mostrado na tela do ponto de vista histórico e social, e por mais que tenha seu interesse tomar conhecimento sobre a historia dos Villas-Boâs, mesmo que seja a historia dos Villas-Boâs de acordo com a visão de um determinado realizador,  Cao Hamburger, me parece que o filme carece de uma melhor contextualização social e política, mais complexa e profunda, por vezes sabemos em que época o filme passa porque a data e colocada na tela e em outra porque um figura histórica importante, um presidente da republica, e o associamos a um determinado período histórico de nosso país, mais falta ao filme um melhor panorama histórico, explicar melhor o que a criação do parque indígena trouxe para a sociedade, economia e política do Brasil, como os heróis do filme são aqueles que idealizam a criação de um parque indígena de preservação, logo os vilões são os grandes criadores de gado que precisam de pastos e os donos das madeireiras, mas esse vilões são explorados de maneira igualmente superficial, o que me faz,por vezes, questionar se o que não falta ao filme é um pouco de autocrítica.

Xingu é também um filme antropológico, no sentido de que tenta fazer o público brasileiro atual entender melhor a cultura indígena, e por conseqüência sua própria cultura, e uma antropologia pessoal para os personagens dos Villas-Boãs, que querem encontrar sua própria indenidade, e encontrar uma identidade, ou melhor, uma  identidade como brasileiro já foi algo buscado pelos artistas modernistas, famosos pela semana de arte de 1922, muitos dos artistas dessa geração enxergavam no índio um símbolo da identidade brasileira e por conseqüência idealizam o indígena, imaginavam um “bom selvagem”, o fantasma desse “bom selvagem”  está presente em Xingu.

Mas o filme não se limita a idéias e discursos, a beleza da fotografia, as imagens da natureza são impressionantes, o que não significa que o filme se sustenta só por detalhes técnicos,  Cao Hamburger vai além do belo verniz, a direção de atores, por exemplo e ótima, algo que se da pouca atenção em filmes de grade beleza plástica, e Xingu é  um filme que tem essa beleza , o elenco é muito conciso, mas se tem alguém que merece destaque é o ator João Miguel, se compararmos a atuação desse em Xingu com a de filmes como “Estômago”(2007) e “O Céu de Suely”(2006) tenho certeza que se trata de um dos atores mais versáteis de sua geração.

Mas apesar dos tropeços Xingu é um filme que agrada em sua narrativa, pode não agradar totalmente quem quer saber mais profundamente sobre o parque do Xingu, mas certamente não irrita quem não interesse em saber, pelo contrario, se a algo aqui que devemos agradecer a Hamburguer e que seu filme é, no mínimo, uma boa aventura.

Nota: 6,5



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui é o seu espaço, pode deixar seu comentário, sugestão ou crítica que logo iremos respondê-lo!