Eu pessoalmente entrei no cinema “virgem”, o que
eu sabia sobre o parque do Xingu não era mais do que o dito sobre o tal parque
no início desse texto, começando do zero, é difícil ter um senso critico muito
apurado do que é mostrado na tela do ponto de vista histórico e social, e por
mais que tenha seu interesse tomar conhecimento sobre a historia dos
Villas-Boâs, mesmo que seja a historia dos Villas-Boâs de acordo com a visão de
um determinado realizador, Cao
Hamburger, me parece que o filme carece de uma melhor contextualização social e
política, mais complexa e profunda, por vezes sabemos em que época o filme
passa porque a data e colocada na tela e em outra porque um figura histórica
importante, um presidente da republica, e o associamos a um determinado período
histórico de nosso país, mais falta ao filme um melhor panorama histórico,
explicar melhor o que a criação do parque indígena trouxe para a sociedade,
economia e política do Brasil, como os heróis do filme são aqueles que
idealizam a criação de um parque indígena de preservação, logo os vilões são os
grandes criadores de gado que precisam de pastos e os donos das madeireiras,
mas esse vilões são explorados de maneira igualmente superficial, o que me
faz,por vezes, questionar se o que não falta ao filme é um pouco de
autocrítica.
Xingu é também um filme antropológico, no sentido
de que tenta fazer o público brasileiro atual entender melhor a cultura
indígena, e por conseqüência sua própria cultura, e uma antropologia pessoal
para os personagens dos Villas-Boãs, que querem encontrar sua própria
indenidade, e encontrar uma identidade, ou melhor, uma identidade como brasileiro já foi algo
buscado pelos artistas modernistas, famosos pela semana de arte de 1922, muitos
dos artistas dessa geração enxergavam no índio um símbolo da identidade brasileira
e por conseqüência idealizam o indígena, imaginavam um “bom selvagem”, o
fantasma desse “bom selvagem” está
presente em Xingu.
Mas o filme não se limita a idéias e discursos, a
beleza da fotografia, as imagens da natureza são impressionantes, o que não
significa que o filme se sustenta só por detalhes técnicos, Cao Hamburger vai além do belo verniz, a
direção de atores, por exemplo e ótima, algo que se da pouca atenção em filmes
de grade beleza plástica, e Xingu é um
filme que tem essa beleza , o elenco é muito conciso, mas se tem alguém que
merece destaque é o ator João Miguel, se compararmos a atuação desse em Xingu
com a de filmes como “Estômago”(2007) e “O Céu de Suely”(2006) tenho certeza que
se trata de um dos atores mais versáteis de sua geração.
Mas apesar dos tropeços Xingu é um filme que
agrada em sua narrativa, pode não agradar totalmente quem quer saber mais
profundamente sobre o parque do Xingu, mas certamente não irrita quem não
interesse em saber, pelo contrario, se a algo aqui que devemos agradecer a
Hamburguer e que seu filme é, no mínimo, uma boa aventura.
Nota: 6,5
Nota: 6,5
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