Por Wendell Marcel
"O terror do filme não é bom, e a arte
torna tudo mais ainda ridículo"
A produtora britânica Hammer
Films é conhecida por realizar ótimos filmes de terror, principalmente a
temática gótica de Drácula e Frankenstein, nas décadas de 50 e 60 do século
passado. Limitada a esse gênero a produtora se dedicou exclusivamente a forma
clássica de se fazer um filme de horror: união complexa de fotografia, direção
de arte, sonoplastia e direção. Unidas, as quatro técnicas em conformidade de imagem,
cor, efeitos sonoros e filmagem criavam belas obras de arte do cinema, tanto
pela criatividade como também na determinação de um jeito diferente de se fazer
cinema, com um toque de fantasia e maneirismo. Contudo, a Hammer decaiu suas
produções clássicas nos últimos anos, e hoje em dia quase não se vê sua marca
na introdução das películas à moda antiga. Porém, neste ano a produtora lançou o
mais novo e arriscado horror da Inglaterra, repleto de aspectos modernos, mas
também singularidades daquele cinema antes exportado dos anos de ouro da
produtora. A Mulher de Preto (The Woman in Black) trouxe uma arriscada imagem do que seria um filme
de horror nos moldes originais, sombrio e inquieto, perverso e imediato.
Arthur Kipps é um advogado que
viaja para uma cidade afastada do centro da Inglaterra. Lá, ele terá que organizar a
papelada de uma casa velha, assombrada e totalmente invendável. Cotterstock
Hall: é velha, assombrada e afastada da civilização (detalhe, ela fica numa
espécie de ilha, que a maré cobre a estrada diariamente, portanto, quem ir visita-la
corre o risco de ficar preso na casa). Kipps é um pai viúvo, amargurado, que
deve fazer de tudo para resolver o caso dos papéis da casa, do espírito maligno,
e sobreviver a tudo e todos, já que todos, inclusive ele próprio, sabem do
motivo pelo qual toda essa esquisitice acontece. Espíritos assombrados, uma
população aterrorizada por uma alma possuída pela vingança, o dever do serviço
que têm de ser feito pelo advogado, tudo é tão prático que não convence. É
claro que não deve convencer, mas ainda que a história fosse tão suspeita como
ela realmente é, ao menos soaria incessante caso o único método pudesse ser
inteiramente pensado: a racionalidade.
A racionalidade pode sim ser um
passo a seguir nos terrores modernos, ela mesma cria a fantástica sensação de
realidade, quando faz o espectador acreditar em uma simples ideia concebida
através dos personagens. Não soa como uma suposição, indiferente do que poderia
criar a atmosfera de nervosismo e, novamente, inquietação. Sem Saída (Eden Lake, 2008),
filme anterior de James Watkins (direção) é relativamente isso. Apesar da
proposta corajosa, o terror elegante, os quadros corriqueiros, performances
esforçadas (principalmente de Daniel Radcliffe) a fita somente mostra uma
história repleta de falhas estéticas, um roteiro miúdo e mal desenvolvido, fotografia
e direção de arte abaixo da média. O “mais-que-terrível” é acabar de assisti-lo
e pensar que todos se propuseram a repensar estratégias de marketing, nos recursos financeiros gastos, na difícil
transformação do ídolo juvenil da década em um homem de talento; parar, pensar,
e não absorver nada, como se uma onda levasse embora os medos, a desenvoltura
em barganhar o espectador na simples tarefa de remeter ao ridículo, que é o
gênero terror. Com A Mulher de Preto nada vai surpreendê-lo, somente o fato
notório de que tudo evolui, indiscutível para o melhor ou pior, mas
inegavelmente para o vazio.
Avaliação: 4/10
Trailer:
Avaliação: 4/10
Trailer:
Tenho uma curiosidade mórbida para assistir, mas por enquanto tenho outras "prioridades" para ver rs.
ResponderExcluirTambém sou bastante curioso pra ver esse filme. Principalmente pra saber se o Radcliffe consegui se "desencarnar" de Harry Potter.
ResponderExcluirConfesso enquanto assistia a este filme e olhava pro Radcliffe, só conseguia ver a aura de Harry Potter encobrindo ele. Ele até que se esforça, mas vai precisar de mais se quiser ser encarado como um ator sério e se livrar do estigma do bruxo.
ResponderExcluirQuanto ao filme, é apenas bom, com alguns sustos legais, climinha agradável, e só.
Nada pessoal, mas a crítica tá péssima. Se eu fosse você, via o filme de novo, sem preconceitos. Vazio é uma coisa que o filme não é.
ResponderExcluir"uma história repleta de FALHAS ESTÉTICAS, um roteiro miúdo e MAL desenvolvido, fotografia e direção de arte ABAIXO DA MÉDIA." WTF?!
http://iludidos.wordpress.com/
Eu já concordo com a crítica. Não consegui ver nada de mais nesse filme, apenas um terror barato, com alguns sustos, e nada mais que isso.
ResponderExcluirComentário recebido, Bruno!
ResponderExcluirA Hammer se propôs a desenvolver o mesmo estilo de horror nos moldes clássicos: sombrio, repleto de sustos imediatos. Mas não vi nada disso, somente um filme que sofre putrefação no seu decorrer, e que possui uma baixa altoestima em relação a toda a progressão narrativa!
Harry Potter.. Não adianta Daniel. .
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