O mês não foi muito
produtivo em quantidade, mas em qualidade com certeza foi. Muitos filmes
mereciam destaque, mas como o texto ficaria muito grande, destaquei apenas
alguns.
Para começar, escolhi um dos grandes
clássicos da Sessão da Tarde que eu não havia visto, o famoso e cultuado Curtindo a Vida Adoidado. Essa era uma
das minhas maiores prioridades, e não me arrependi. Poucos filmes retratam tão
bem a juventude e a sensação de liberdade que ela proporciona quanto esta obra
de John Hughes. Arrisco dizer que Ferris Bueller seja o mais carismático
personagem que eu já vi. Como não se simpatizar com um cara que faz tudo aquilo
que todo adolescente já sonhou em fazer? Simplesmente impossível! E todo esse
sentimento é resumido em apenas uma expressão: Save Ferris! (Avaliação: 9/10)
Outro filme que merece
destaque é Videodrome. Sempre via
várias pessoas elogiando o diretor David Cronenberg e, por não ter visto nenhum
filme dele, resolvi assistir a esse. Cara, que filme! Sério, fiquei de boca
aberta. Nunca presenciei tanta força, tanto poder. Choca, faz pensar, critica
sem dó nem piedade. Enfim, um grande filme de um aparente grande diretor. (Avaliação: 9/10).
Mas o grande ápice do mês foi em seu
final. Do grande e revolucionário Fritz Lang, a obra-prima M: O Vampiro de Dusseldorf. Nem parece que o filme é de 1931, de
tão atual que parece. Não o tema em si, mas a maneira como Fritz o dirige. Cada
decisão feita pelo diretor, seja em enquadramentos ou alguns planos um poucos
mais longos, é extremamente acertada.
Toda a construção da narrativa é de exímia habilidade, um trabalho digno
de Gênio com G maiúsculo. (Avaliação:
9/10).
E claro! Não podia deixar de falar do
filme mais aguardado do ano por muitos. Aquele que encerra a trilogia de
Christopher Nolan, Batman: O Cavaleiro
das Trevas Ressurge. O que eu posso dizer é: as duas primeiras horas são de
encher os olhos, mas ao ato final quase estraga todo o trabalho que havia sido
feito antes. Aquela revelação completamente imbecil feita por Miranda Tate
(personagem da talentosíssima Marion Cotillard, mas que aqui...) quase estraga
o filme. Seu grande problema é tirar toda a força que o vilão Bane tinha, além
de seu final também ser bem besta. Mas tirando isso, é um belo encerramento
para a trilogia (Avaliação: 8/10).
Por Kaio Feliphe.
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Por coincidência (ou conspiração) os três filmes que eu gostaria de destacar esse mês são franceses.
La Jetée (1962), de Chris Marker.
Realizado pelo veterano e recentemente falecido Chris Marker, o melhor filme que vi no último mês talvez seja mais conhecido pelo seu remake (se é que podemos chamar assim) feito por Terry Gilliam, Os Doze Macacos. La Jetée é um curta de ficção-científica experimental que se passa em um mundo arrasado pós-3º Guerra Mundial. Marker faz questão de ir contra um princípio básico do cinema, a imagem em movimento, e constrói seu filme usando apenas fotos e uma narração em off e ainda faz um dos filmes mais emocionantes que vi. O final é um dos melhores do cinema!
Os Mestres Loucos (1955), de Jean Rouch.
Jean Rouch é considerado um dos documentaristas mais importantes da França, seu média-metragem Os Mestres Loucos é filme etnográfico, ou seja, baseado na coleta de dados para um estudo antropológico, sobre trabalhadores nigerenses que praticam o culto da Hauka. Rouch busca a reflexão através do cotidiano dos trabalhadores nigerenses, civilizado, e o momento de caos do ritual do Hauka, onde os praticantes em estado de possessão imitam as vidas dos colonizadores europeus até o ritual atingir seu ápice com o sacrifício de um cão.
Ervas Daninhas (2009), de Alain Resnais.
O último filme do veterano da Nouvelle Vague a ser lançado no Brasil (seu último filme Você Ainda Não Viu Nada foi exibido em Cannes nesse ano e ainda não foi lançado em circuito comercial em nosso país) Ervas Daninhas é um dos filmes mais divertidos é amalucados dos últimos tempos. Partindo de um roubo de uma bolsa e de uma carteira encontrada Resnais cria uma trama debochada, em que nenhum diretor faz questão de seguir convenção alguma do “roteiro redondinho”, e diga-se de passagem nem da psicologia e muito menos da lógica; grande desconstrutor do cinema, Resnais ainda brinca com elementos do cinema noir. O filme é protagonizado pelos veteranos, e bem recorrentes na obra de Resnais, Sabine Azéma e André Dussollier, além de contar com alguns atores badalados entre os mais jovens do cinema Francês: Mathieu Amalric, Emmanuelle Devos e Anne Consigny.
Por João Inácio.
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