A Semana do Audiovisual Natal/RN acontece de 10 a 14 de julho no Solar Bela Vista, em Natal. Nesta última quinta-feira, uma Mostra de Curtas Nacionais, de diversos diretores e realizadores do país, encerraram a noite. Cinco curtas foram exibidos, de vários gêneros e propostas diferentes. Confira a resenha dos filmes:
Cidade Improvisada, de Alice Riff
Um homem se equilibra em cima de muros, caminhando pela cidade, visitando locações diferentes enquanto o dia passa. Apesar da musicalidade do curta, que trata do hip hop como uma espécie de canção da crítica social, inteligente, rápida; a metalinguagem dos próprios personagens diante de suas próprias realidades, intercaladas pelo ser que está aquém dos fatos, do dito pelo não dito, visitando as concepções do país onde vive acima das perspectivas da sociedade. Esse é o cara do muro. Riff escolhe ângulos fáceis, técnica simples, diálogo mental e verbal das canções delirantes de tão cruas dos cantores: brancos, negros, pobres, brasileiros. Não só a periferia que canta o hip hop.
Ikó-Eté, de Torquato Joel
No nordeste brasileiro, um trabalhador cortador de cana, chega em sua casa, e se depara com a falásia de um orador religioso. O conflito mental sobre razão e discrepâncias da realidade atinge o homem, que se despe de suas vestimentas e caminha em direção a uma fábrica que aparentemente pegou fogo. Esse caminho, que o homem nu percorre até a fábrica, entre a floresta densa e verde, é de certo modo análise coerente sobre as vicissitudes do ser enquanto hábitat de sua própria vivência; desconstruindo ainda a antiga história sobre a origem da civilização humana, em Adão e Eva. A serpente, neste caso, é o próprio livro que deu origem a parábola. Torquato Joel fotografa bem e não cansa de gritar para o público que a atividade mental é tão mais importante do que a elaboração de um conceito ameno, mastigado, inútil.
Claun - Capítulo 1° A Menina Sem Medo, de Felipe Bragança
A experimentação do que Felipe Bragança se pretende a realizar, na tela, é muito bonito de se ver. O capítulo 1 ° A Menina Sem Medo, apresentado na Mostra, introduz a primeira parte de uma série que ainda está por vir do diretor, que se vestiu como palhaço durante as gravações do curta. Inegavelmente, a proposta é interessante, e de imediato, sem analisar os próximos capítulos da história, qualquer comentário seria irrelevante. Contudo, alguns pontos como problemas na estética sonora, enredo inicial forçado na medida que desenvolve seus personagens de forma errática, quase grosseira; diálogo fácil, sem pretensões, o que é ruim, pois torna a trama nada eficiente e clichê do ponto de vista geral da história. No entanto, o enfrentamento figurativo do bate-bolas e a própria experimentalidade e elaboração conceitual da proposta, novamente, é interessante. O medo, a fantasia e o respeito a uma cultura de imagens tão assustadoras desses palhaços soturnos.
O Filho da Atriz, de Juca Badaró
Atuar excepcionalmente sobre a vida. Essa pode ser o maior resumo para se fazer da obra intensa de Badaró sobre dois personagens que encontram na destreza da melancolia de suas tragédias, sobreviver na imundície de suas almas. A dramaticidade encenada é muito boa, os monólogos não precisam de palavras, é excitante na medida que encontra o ponto certo entre a realidade da linha que perpassa a fantasia do enredo da realidade dos espectadores. O visual das paisagens na praia, os interiores e maquiagem das personas divertidos: um contraste entre cor e dissolução. A poesia da tragédia inútil das sensações. Belíssimo curta de Juca.
*Em algum momento especial, exibiremos os curtas em nossa Sessão Curta+, aguardem!
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