domingo, julho 7

Crítica: Guerra Mundial Z (2013)


Por Maurício Owada

"Apesar de divertido, narrativa apressada e roteiro mal desenvolvido
prejudica o resultado final"

O consumismo e a superpopulação são alguns dos maiores problemas que envolvem a humanidade. Questões como essas foram já exploradas no gênero zumbi, cujo pioneiro George A. Romero fez sua carreira com tais criaturas que serviam de alegoria para as críticas sociais tão presentes em suas obras, e logo se tornariam parte da cultura pop. Os tempos mudaram, os zumbis já estão até mais rápidos e mais ferozes. Com as criaturas já populares do grande público apreciadora da série de sucesso The Walking Dead, Guerra Mundial Z, dirigido por Marc Forster, entra na onda e mostra uma epidemia de proporções internacionais e grandiosamente catastróficas.

Gerry Lane (Brad Pitt) é um investigador da ONU que roda o planeta para descobrir a origem ou no mínimo, um jeito de sobreviver a essa catástrofe. Os zumbis não são lentos, correm rápido e possuem força descomunal, uma necessidade imediata e desesperada por carne, e a infecção também é imediata, fazendo com que várias cidades estejam totalmente infestadas dessas criaturas.

Guerra Mundial Z carece de um melhor desenvolvimento da trama, os roteiristas Matthew Michael Carnahan e Damon Lindelof seguem a narrativa praticamente no piloto-automático, tudo acontece instantaneamente, não possui um peso na história e as consequências não tem sua devida importância, de forma que pudesse nos situar da gravidade disso tudo. O personagem principal é mal desenvolvido, mesmo que a atuação de Brad Pitt consiga segurar bem a peteca, ele e a convivência com a família nos é apresentado de forma apressada, enquanto que o roteiro não cria nenhuma conexão do espectador com os personagens, deixando a narrativa demasiadamente morna e mesmo a infecção é pouco trabalhada, tendo em vista que a premissa era mostrar como cada país lida com a doença. 

Com um elenco competente, Brad Pitt dá espaço para outros atores e preza pelo minimalismo. Mireille Enos dá o tom perfeito da mãe protetora e carinhosa, um David Morse desdentado que dá um show em apenas quatro minutos e Daniella Kertesz, atriz israelense, é uma surpresa como a soldado Segen, que acaba acompanhando Gerry.

As cenas de ataques de zumbi mesmo não causam o impacto necessário, utilizando do artifício do susto fácil que nos faz pular da cadeira, mas que logo perde o efeito; porém tem que se destacar a cena no laboratório cheia de mortos-vivos, onde a direção de Forster acerta em cheio no clima de suspense, deixando os espectadores presos na cadeira do cinema, no único momento em que o filme adquire um ritmo mais lento.

Apesar da solução criativa e bem elaborada encontrada no final, Guerra Mundial Z acaba deixando um gancho para uma continuação (já confirmada!), e termina sem deixar um resquício na memória, tudo é muito rápido e não tão eficaz quanto um morto atrás de sua presa. Quando George A. Romero fez seus primeiros filmes, com orçamento baixo e produção consideravelmente barata, ele incutia em seus roteiros analogias sociais envolvendo racismo, consumismo e belicismo, mas deixa isso de lado e foca num público fácil, sem valorizar a inteligência do seu espectador e desperdiçando uma excelente premissa, sendo apenas uma boa diversão pipoca de meio de ano.

Nota: 6,0/10,0




Trailer: 

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