Crítica: Os Infratores (2012)

Em 1931, os Estados Unidos vive a época da Lei Seca, onde gangsteres famosos como Al Capone estão em seu auge, construindo suas fortunas através da corrupção e da violência. Nesta época, em uma cidade interiorana, vive os irmão Bondurant, composto por Forrest (Tom Hardy), o líder da família cuja persona é envolta de uma lenda de que é "imorrível", depois seguidos por Howard (Jason Clarke), homem de cabeça quente porém muito corajoso e o frágil e ambicioso Jack (Shia LaBeouf). Porém na tranquilidade da cidade pequena vivendo do contrabando de bebidas, os irmãos Bondurant se vêem cercados por homens poderosos de Chicago interessados no negócio, mas Forrest decidindo que não irá abaixar a cabeça para ninguém, desafiam os homens da lei comandados pelo inescrupuloso Agente Charlie Rakes (Guy Pearce).



Aspectos técnicos

Com um elenco equilibrado, quem se destaca é o ator Tom Hardy, impondo não só uma presença forte (algo que se notara desde que o vi pela primeira vez em A Origem) mas uma impecável atuação, com um ótimo sotaque sulista, e apesar do típico personagem de "pouca palavras e muitas atitudes", Tom constrói Forrest de um modo jamais unidimensional, é um homem forte mas supersticioso sobre si mesmo, o que o leva a ser descuidado. Howard é o personagem que dos três irmãos é o menos explorado, mesmo contando com algumas boas cenas, mas Shia LaBeouf é quem finalmente tem um verdadeiro papel de destaque desde a franquia de Transformers, onde ele conta com John Hillcoat como um diretor que trabalha melhor com os atores, fazendo um rapaz de grandes ambições mas de pouca fibra para uma briga, sendo um contraponto com seu irmão mais velho Forrest. Guy Pearce esbanja, de forma caricata, um vilão cruel e desprezível, caracterizado de forma excelente com aquele seu cabelinho penteadinho e sombrancelhas raspadas, construído muito bem pelo ator através dos seus trejeitos. Jessica Chastain, atriz que despontou em A Árvore da Vida, transborda em sensualidade enquanto Mia Wasikowska é uma garota regrada pelo pai religioso que se interessa por Jack. Já Gary Oldman, aparece em um tempo de tela aquém do sugerido pelo trailer, fazendo mesmo uma participação especial como o bandido Floyd Banner, contando com a empolgante cena dele atirando com uma metralhadora Thompson em um carro, servindo na trama muito com um símbolo de admiração de Jack, um ícone.

A trilha-sonora remonta a época, dominada obviamente por músicas country, devido ao local onde se passa a história, e a fotografia é belíssima, com a palidez de cores quentes. A direção de arte remonta bem a região e a época, como por exemplo, a torneira exclusiva para brancos.

O conceito da obra

A hombridade dos personagens é explorada durante todo o filme, desde a primeira cena em que os irmãos mais velhos desafiam Jack, enquanto crianças, a matar um porco, definindo assim o caráter dos três, ou em uma cena em que o destemido Forrest diz ao irmão mais novo que o que distingue um homem não é a violência e sim até onde ele é capaz de ir; tudo isso de certa forma lembra os antigo faroestes cuja principal estrela do gênero, John Wayne, era a personificação do homem forte e corajoso - o homem ideal - em um meio selvagem, que não teme seu destino. Os Infratores é um filme de dois gêneros genuinamente americanos (faroeste e máfia) em um filme só, e não só pelo estilo, mas pela abordagem da época e o velho Sonho Americano.

No fim, a obra lembra de certa forma O Homem Que Matou o Facínora, de John Ford, devido a lenda que é formada propositalmente por John Hillcoat em torno de Forrest e sua incapacidade de ser morto, para depois ser desconstruída no final, lembrando que no final, apesar de tudo, eles são - como eles próprios dizem - homens. Apenas homens.

Avaliação: 9/10

Trailer: