segunda-feira, novembro 12

O Som e a Música de Ennio Morricone

Nascido em 10 de Novembro de 1928, nascia em Roma, Ennio Morricone, compositor e maestro italiano, filho de um trompetista e de uma ama de casa, foi o maior de cinco irmãos. De uma família de classe média, não viveu na miséria, mas não usufruia de grandes luxos, vivendo no bairro de Trastevere. Coincidentemente, na escola estudou junto com Sergio Leone, do qual seria um grande colaborador, escrevendo e regendo trilhas-sonoras para os filmes dele.


Por Maurício Owada

Aos dez anos, após fazer parte de uma orquestra amadora, se matriculou no Conservatório de Santa Cecília, para estudar trompeta sob os ensinamentos de Umberto Semproni, e três anos mais tarde foi escolhido entre outros estudantes para fazer parte da orquestra da instituição, com que realizou uma turnê por Véneto sob a direção de Carlo Zecchi.

Em 1943, estudou harmonia por seis meses com Roberto Caggiano, que sugeriu que estudasse para ser compositor. Tocou por algum tempo em uma orquestra, no mesmo posto de seu pai, Mario, em hotéis de Roma, para as tropas americanas que ocuparam o país na 2ª Guerra Mundial.

Após iniciar carreira como compositor, dedicando-se à música vocal e de câmara, cuja produção abrange alguns corais. Em 1955, começou a fazer músicas para filmes, atividade que foi interrompida devido ao serviço militar. Um ano depois, se casou com Maria, e logo a seguinte, teve seu primeiro filho, Marco.

Chegou a trabalhar como assistente de direção, mas abandonou no primeiro dia de trabalho, e foi fazer um seminário dado por John Cage em Darm-Stadt, e o dinheiro para isso vinha de um lugar distinto: arranjos para séries de TV.

Sua primeira trilha-sonora foi para o cinema foi Il Federale, de Luciano Salce, e colaborou com Bernardo Bertolucci e Sergio Leone, este último cuja parceria lhe deu grande fama.

Autor de grandiosas e memoráveis trilha-sonoras, tornaram alguns dos faroestes spaghetti (popularizados por Sergio Leone) verdadeiros clássicos do cinema, junto com a figura icônica do Homem Sem Nome, interpretado por Clint Eastwood na Trilogia dos Dólares: Por Um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito. Ennio embalou os clássicos duelos que Clint protagonizava, compondo toda a cena, enquanto os olhos apreensivos dos personagens se encaram em super closes enquadrados por Leone, o que era apenas uma cena parada com personagens imóveis, ganhava toda uma dramatização, força e emoção.

Por Um Punhado de Dólares

Em Por Uns Dólares a Mais, Ennio começaria a fazer uso de sons importantes para a trama no meio da trilha-sonora, onde se intensificava todo o conflito, como a música do relógio de bolso do bandido, algo que ele também faria em Era Uma Vez no Oeste, protagonizada por Charles Bronson.

Por Uns Dólares a Mais

Era Uma Vez no Oeste
Tema do Gaita


Tema de Frank

O épico close nos olhos de Gaita

O som da gaita não só tinha apenas um significado simbólico para a trama, mas também era o tema de entrada do Gaita, personagem de Bronson, e neste duelo, o tema dele se mistura com a do personagem Frank, interpretado por Henry Fonda. Era Uma Vez no Oeste é um dos mais maravilhosos trabalhos de Ennio, e aqui, a trilha-sonora é mais dramático que os faroestes com Clint Eastwood, em um trabalho mais sério de Leone no gênero, indo Morricone no mesmo sentido.

Falar de Ennio Morricone, não se pode se esquecer da trilha-sonora de Três Homens em Conflito, seu trabalho mais marcante, sendo o tema do filme daquelas que tocam constantemente, mas ninguém sabe de que filme, virando o tema símbolo do gênero faroeste.

Três Homens em Conflito

A fórmula de Morricone era tão simples quanto efetiva: orquestrações pouco densas, mas com um som seco e transparente que inspiraria muitas bandas de rock, temas que ficavam na mente dos ouvintes, e um enorme respeito pela trama e pelos personagens. Músico de grande intuição, tinha uma interessante teoria de que a música de uma trilha-sonora não pertencia ao compositor, e sim ao filme. "O que conta é a necessidade da história conduzir o filme."

Ennio saiu da Europa, fazendo seu primeiro trabalho na América para o filme Destinados a Morrer, de Edward Dmytryk. E recebeu sua primeira indicação ao Oscar em 1979 por Cinzas do Paraíso, de Terrence Malik. Apesar de tudo, nunca teve uma boa relação com os EUA, nunca foi fã do estilo de vida americano que não o atraía em absoluto, se recusou se instalar em Los Angeles e não quis aprender inglês.

Cinzas do Paraíso

Depois de 20 anos de uma atividade monstruosa, com uma produção de grande qualidade, em 1983 virou membro do Conselho de Administração da Associação de Nuova Consonanza, dedicada a música contemporânea, e reduziu drasticamente seus trabalhos unicamente para o cinema. Em 1984, criou aquela que é considerada sua melhor partitura: Era Uma Vez na América, último filme de seu amigo Sergio Leone.

Em 1986, é indicado novamente ao Oscar por A Missão, de Roland Joffé, porém não levou a estatueta, o que foi uma decisão por parte da Academia ainda incompreensível para Morricone. Recebeu uma terceira indicação por Os Intocáveis, de Brian de Palma, e mais duas vezes, por Bugsy, de Barry Levinson e em 2001, por Malena, de Giuseppe Tornatore. Apesar das cinco indicações, não levou nenhuma estatueta. Esta relutância sempre foi interpretado como um voto de protesto da crítica dos EUA pela atitude de um artista de militância europeísta reconhecida.

A Missão

Os Intocáveis

Malena

Recebeu homenagens, prêmios e reconhecimentos em toda a Itália a partir do final dos anos 80, e mesmo assim, ainda fez muitos temas reconhecidos por cinéfilos, entre eles também está Cinema Paradiso, também de Tornatore, sendo está talvez a mais belíssima música já composta pelo músico em toda a carreira.

Cinema Paradiso

Na cerimônia do Oscar de 2007, Ennio Morricone recebeu o prêmio de "consolação", o prêmio honorário, dado diretamente por Clint Eastwood, devido a relação dos dois com Sergio Leone, muito pouco tendo em vista a dimensão do trabalho deste grande compositor que eternizou o som e a música na cabeça em várias gerações de cinéfilos. Fazendo agora 84 anos (foi no último domingo) e aproximadamente 57 anos de carreira no cinema, Ennio eterniza obras em suas belas e famosas composições, de uma carreira multifacetada e versátil.


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