Por Kaio Feliphe
"Se tratando de Polanski, um filme menor."
Geralmente,
as pessoas escolhem os filmes que vão assistir ou pela história que eles vão
contar ou pelo gênero apresentado. Mas também têm aqueles que nos interessamos
só de olhar a equipe que trabalhou nela, sem nem sequer saber sobre o que se
trata. Um ótimo exemplo disso é Deus Da
Carnificina (Carnage, 2011), obra do renomado e brilhante diretor franco-polonês Roman Polanski. Só por ele muitos já
ficariam curiosos, mas o elenco pequeno e estelar também é um grande atrativo,
pois é composto por nomes como Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet e
Christoph Waltz.
O longa conta a história de dois casais que tiveram um problema com seus filhos (um deles agrediu o outro com um pedaço de madeira) e decidiram resolver conversando pacificamente, mas acabam discutindo outros assuntos com o decorrer do tempo. A briga que desencadeou tudo isso é muito bem mostrada na introdução do filme, ao fundo dos créditos iniciais. Mas daí em diante, não é difícil de perceber o clima teatral que o filme tem, principalmente por ser baseado em uma peça da roteirista francesa Yasmina Reza, Le Dieu Du Carnage. O trabalho de câmera de Polanski não deixa de ser ótimo, passeando pelo espaço físico limitado que tem (um simples apartamento), mas o filme não deixa de parecer apenas uma peça filmada.
O roteiro é o grande problema da obra. É possível notar que algumas cenas são excessivamente exageradas, que talvez funcionassem no teatro, mas nas telonas essa tentativa foi falha. O desenrolar dos diálogos também não soa natural, principalmente com Michael Longstreet, personagem de John C. Reilly, que simplesmente de uma hora para outra deixa de ser o pai bondoso do agressor a um homem machista e ignorante. Mas as atuações não são um problema, pelo contrário, são, ao lado da direção, o ponto alto do filme. O próprio Reilly e principalmente Christoph Waltz estão muito bem em seus personagens. Alan Cowan (Waltz) é o mais engraçado da trama, com seus problemas de trabalho e seu celular que toca a cada minuto. Winslet, mesmo com alguns pequenos exageros, também atua muito bem, em uma Nancy Cowan que vai de uma doce e meiga esposa a uma bêbada "linguaruda". Porém, a grande atuação é da genial Jodie Foster. Talvez isso se deva ao seu personagem, que é o mais profundo dos quatro. Penélope parece ser a única que realmente quer resolver aquele problema e finalmente acabar com a discussão, além de que a sua “transformação” seja a mais natural entre eles.
Deus Da Carnificina é um ótimo trabalho de diretor e elenco, mas que o roteiro bagunçado quase estraga seu resultado final. Porém, dificilmente esse clima teatral tão prejudicial deixaria de existir em outro roteiro, já que a história é propícia a isso. Deixando isso de lado, o longa se sai muito bem dentro de suas limitações. Como sempre, Polanski realiza, no mínimo, um bom trabalho. Ver seu nome na equipe de qualquer filme é garantia de coisa boa. Pelo menos isso Deus Da Carnificina é.
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